terça-feira, 31 de março de 2015

Livro: Vale Abraão, Agustina Bessa-Luís, Babel, 2014

Acabei de ler mais uma obra de Agustina Bessa-Luís, depois de me ter estreado com a formidável A Sibila e de me ter deslumbrado com A Corte do Norte, cuja ação se desenrola na Ilha da Madeira, voltei às margens do rio Douro, para ler e “ouvir” contar a história de “Bovarinha”.
Adoro a escrita de Agustina e a sua forma quase poética de tratar e de descrever as mulheres, uma escrita no feminino.
Ema a personagem de Vale Abraão a quem chamam a “Bovarinha”, encarna um desamparo eterno e sem causa. Envolve-se numa história de adultério numa época em que a palavra “adultério” quase caiu em desuso e em que a permissividade em matéria de sexo tornou difícil conceber o escândalo a partir deste. Salva-a o humor. Porque é este que lhe permite olhar com alguma distância a vulgaridade dos que a rodeiam, sem no entanto estar totalmente fora dela; tocá-la sem estabelecer com ela um vínculo; recusá-la sem por isso se converter em heroína; passar a linha que demarca uma cultura e não ser maldita mas tão só incorrigível.”
Gosto da sensação de puder voltar a Agustina, de a descobrir, de me inspirar, de ainda existirem muitas obras desta maravilhosa escritora para eu desfrutar.. 

E pois claro, recomendo vivamente que leiam Agustina Bessa-Luís.


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