quinta-feira, 28 de maio de 2015

Granta 5 - Falhar Melhor, Vários, Tinta-da-China, 2015.

O mote deste último número da Granta, tem como origem uma expressão de Samuel Beckett: 

Tudo desde sempre. Nunca outra coisa. Nunca ter tentado. Nunca ter falhado. Não importa. Falhar outra vez. Falhar melhor.”
Lida assim, desprende-se da frase de Beckett um evidente cansaço «Tudo desde sempre». São palavras para pessimistas, de que os otimistas legitimamente se apropriam: «outra vez», «melhor».

Ressurreição”, escreve no Editorial, Carlos Vaz Marques, o Diretor da revista.
Eu escolho o olhar otimista, prefiro tentar, a não fazer, prefiro errar, a nunca outra coisa, prefiro falhar, falhando melhor.
A Granta 5, traz-nos um conjunto de textos fortes, intensos, tal como o de abertura, Morrer é mais difícil do que parece, de autoria de Paulo Varela Gomes, que inicia o seu texto com esta afirmação: Tenho um cancro de grau IV.
O conto Sempre a mesma neve e sempre o mesmo conto, de Herta Muller, é envolvente, é forte, adorei. O conto Carta para navegação de vazios, de Joana Bartholo é complexo e visionário, traz-nos os pensamentos de um doente mental. Muito interessante, o conto O Bife Choramingas, de Howard Jacobson, mas muito atual. Também o conto histórico As muitas mortes do General Wolfe, é complexo, mas, muito bom. Com conto O nome das árvores, da autoria do Jacinto Lucas Pires, termina uma série de treze textos, de treze diferentes autores, todos interessantes, fortes e alguns deles bem complexos .
Para terminar deixo-vos um parágrafo do último conto, tão bom, como o primeiro:

Diz Natália Ginzburg em Il mio mestiere «Quando estamos felizes a nossa imaginação tem mais força; já quando estamos infelizes é a nossa memória que age mais vivamente.» Gosto desta ideia - ou talvez devesse dizer que acredito nela – da memória e da imaginação como um mesmo gesto, um mesmo fio condutor, digamos regulado pela menor ou maior felicidade de quem lembra ou imagina.”

Sempre de muito boa leitura, a Granta, recomendo pois a sua leitura.


quarta-feira, 20 de maio de 2015

O meu presente de aniversário.

O meu presente para a Maria Teresa, é ter trazido hoje para casa, a nova edição de "Minha Senhora de Mim". Quando ainda na livraria abri ao acaso a obra, deparei-me com um poema, que li em voz mais ou menos baixa ao meu filho e ao meu marido que me acompanhavam, no final, eles sorriram para mim:

O MEU DESEJO

Afaga devagar as minhas
pernas
*
Entreabre devagar os meus
joelhos
*
Morde devagar o que é
negado
*
Bebe devagar o meu
desejo



sábado, 16 de maio de 2015

Livro: Contos de Tchékhov, Volume I, Clássicos da Relógio D’Água, 2001

Terminei a leitura do primeiro volume dos Contos de Anton Tchékhov, um escritor russo muito apreciado, sobretudo, no mundo da dramaturgia, é também um grande contista. Este volume possui um prefácio de outro grande escritor russo, Vladimir Nabokov - um escritor que ainda não li -, neste prefácio Nabokov, refere que o avó de A. Tchékhov “…era servo – resgatou-se a si mesmo e á família por 3500 rublos…” e que “Tchékhov começou a escrever os seus primeiros contos para ajudar a família, já que não havia outro modo de esta sair de uma pobreza humilhante.”
Nabokov tece grandes elogios ao escritor e aos seus contos, defendendo-o ferozmente de quem o criticava na altura, comparando-o com outros grandes escritores, como Gógol, Flaubert ou Henry James.
Tchékhov escrevia livros tristes para pessoas alegres; quero dizer com isto que só um leitor com sentido de humor será capaz de sentir a tristeza deles.” E “O humor de Tchékhov é alheio a isso tudo, é um humor puramente tchekhoviano. O mundo, para ele, é cómico e triste ao mesmo tempo, e sem repararmos na sua comicidade não compreenderemos a sua tristeza, porque são inseparáveis.”
Na verdade, os contos de que mais gostei prendiam-se com histórias tristes mas com bastante humor, tais como Os Papa-jantares, o Vanka ou ainda o Coisa-Ruim, entre outros, histórias onde os protagonistas são as pessoas mais humildes da sociedade russa da época.
Gostei muito da sua forma de escrever, de uma qualidade inexcedível.
Pretendo adquirir outros volumes de contos (são 12, os volumes disponíveis) deste escritor russo, pois para mim, ler obras desta qualidade literária fazem-me feliz…
Desta forma, recomendo vivamente a leitura de Anton Tchèkov.


quarta-feira, 6 de maio de 2015

Boa tarde meus amigos...

De ressaca de umas férias que foram saborosas, muito saborosas. Tenho passado pela experiência de voltar repetidas vezes à mesma cidade, e de cada vez que a visito, saboreio-a de forma diferente, a cidade é a mesma, eu é que a vou olhando de modo diferente, um olhar mais maduro, mais apaixonado.
Desta vez pude voltar a locais que já não visitava há alguns anos, gostei de ver que ainda existem e têm sucesso, para além de que o ambiente e a qualidade se mantém. 
Esta visita coincidiu com o meu aniversário, mas não só, duas irmãs completaram mais um ano de existência e ainda dois sobrinhos celebraram o seu dia de anos. Foi pois um mês recheado de celebrações familiares. Foi bom, muito bom reencontrá-los, estar com eles, especialmente com a mais nova de todas nós, tinham passado mais de trinta anos, desde a última vez que estivemos juntas, contingências da vida, adorei vê-la e ás suas três filhas muito mimosas. Especialmente importantes são sempre os dias passados com a minha mãe em Viseu, para onde foi viver, foram três dias de grande cumplicidade e amizade. Mas desta vez tive ainda a oportunidade de conhecer novos membros de uma parte desta grande família. Foram igualmente amorosos e muito simpáticos.
Também é sempre com grande amizade e generosidade que cunhado e cunhada nos recebem e apoiam nestas visitas a Lisboa. São inestimáveis e muito queridos.
Coincidindo com esta viagem até Lisboa, cujo objetivo maior, foi estar com a nossa filha que se encontra a estudar na capital, foi a necessidade de tomar uma decisão importante, mas, que curiosamente, ou talvez não, nada difícil de tomar. Afinal, ao fim destes anos todos ainda acredito no amor e numa cabana e que amor com amor se paga.
Enfim, foi uma bela viagem de afectos e amizades, para mais tarde recordar...