segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

As escolhas do CNC: livros do ano 2018.

Como habitualmente o CNC escolhe os Livros do Ano:

ROMANCE 

«A Última Porta Antes da Noite» - António Lobo Antunes (D. Quixote).
«Princípio de Karenina» - Afonso Cruz (Companhia das Letras).
«Memórias Secretas» - Mário Cláudio (D. Quixote).
«Ensina-me a Voar sobre os Telhados» - João Tordo (C. das Letras).
«O Invisível» - Rui Lage (Gradiva).
«Luanda, Lisboa, Paraíso) – Djaimilia Pereira de Almeida (C. das Letras).
«O Fiel Defunto» - Germano Almeida (Caminho).
«Sua Excelência, De Corpo Presente» - Pepetela (D. Quixote).
«Obra Completa» – I a III – Maria Judite de Carvalho (Minotauro).

POESIA

 «Obra Poética – I» - António Ramos Rosa (Assírio e Alvim).
«Estranhezas» - Maria Teresa Horta (D. Quixote).

MEMÓRIAS

 «Aperto Libro (Páginas do Diário- I – 1977-1990)» - Eugénio Lisboa (Opera Omnia).

ENSAIO

«O Algarve Económico Durante o Século XVI» - Joaquim Romero Magalhães (Sul, Sol, Sal).
«O Século dos Prodígios – A Ciência no Portugal da Expansão» - Onésimo Teotónio de Almeida (Quetzal).

TRADUÇÕES

«Berta Isla» - Javier Marias (Alfaguara).
«Aos Ombros de Gigantes» - Umberto Eco (Gradiva).
«Pensamentos» - Giacomo Leopardi (Edições do Saguão).
«Escolha Coletiva e Bem-Estar Social» - Amartya Sen (Almedina).
«Onde Estamos? Uma Outra Visão da História Humana» - Emmanuel Todd (Temas e Debates – Círculo de Leitores).

A todos desejamos um Bom Ano, com Saúde e boas leituras!
CNC

sábado, 29 de dezembro de 2018

Livro: A Cartuxa de Parma, Stendhal, Relógio d’Água, 1992.


Só se compreende, verdadeiramente, a necessidade de ler os Clássicos depois de começarmos a folhear as páginas de alguns romances de época.

A Cartuxa de Parma, de Stendhal, foi escrita em 1830 e publicada em 1839 é um exemplo perfeito do que referi, um romance que deveria ser lido por todos aqueles que amam a literatura.

Esta edição possui uma introdução de Italo Calvino, um presente, um texto que li antes, a meio e no final do romance

Apesar das origens francesas do autor, A Cartuxa de Parma, é considerado um grande romance italiano porque expressa forma clara “…o sentido da política como acordo calculado e distribuição de papeis: com o príncipe que, enquanto persegue os jacobinos se preocupa em puder estabelecer com eles futuros equilíbrios que lhe permitirão colocar-se à frente do iminente movimento de unidade nacional; com o conde Mosca, um oficial napoleónico, que se torna ministro reacionário e chefe do partido ultra (mas disposto a encorajar uma fação de ultra-extremistas com o objetivo de poder dar uma prova de moderação demarcando-se deles) e tudo isso sem ser, de modo algum, influenciado na sua essência interna.”.

A ação decorre entre os Grandes Lagos, Milão, Parma, em toda a Lombardia e numa época de grande turbulência histórica.

Tal como escreve Calvino:
“…crónica histórica e crónica de sociedade, aventura picaresca…”.

Um pequeno número de personagens densamente caraterizadas, transportam-nos a um tempo de príncipes e princesas, duques e duquesas, marqueses e marquesas, condes, cavaleiros, vigários e arcebispos.

Sinto-me feliz por terminar este ano na companhia de tão extraordinário e desafiante romance, que o próximo ano me traga novos e continuados prazeres literários, a mim e a todos Vós, meus amigos…


quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Bom ano de 2019!

Viva, boa primeira oitava, meus amigos,

O Natal já lá vai, eis os meus votos para 2019, alguns deles extensíveis a todos Vós:

- Amar, amar muito;
- Mais dinheiro disponível para livros e tempo para os ler;
- Assistir às Conferências do Teatro, às Conferências Dar-a-Ver e às Capelas ao Luar;
- Assistir ao Festival Literário, à Feira do Livro e ao Festival de Jazz;
- Mais dinheiro disponível para idas frequentes ao Teatro Municipal Baltazar Dias, assistir a peças de teatro, a concertos da Orquestra Clássica da Madeira, e à projeção de filmes e documentários;
- Visitar e frequentar a Casa das Mudas, bem como os Museus e as Casas-Museus na Região e por esse país fora;
- Ir caminhar amiúdes vezes junto ao mar e na serra;
- Se sobejar dinheiro viajar para fora de portas, não para destinos de praia ou de aventura, para esses, o que cá não falta é praia e aventura;
- Para o fim, uma visita ao Centro de Saúde para o check-up anual.

Bom ano de 2019!


segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Natal 2018

Três fotos do altar/escadinhas do Menino de Jesus entronizado e do Presépio/Rochinha construído no foyer da nossa vetusta Casa Aduaneira por alguns dos nossos mais laboriosos e dedicados Colegas.
Cá da Pérola do Atlântico, desejamos a todos Vós um Bom Natal e um Ótimo Ano de 2019.




domingo, 9 de dezembro de 2018

Livro: A Cidade de Ulisses, Teolinda Gersão, Sextante Editora, 2015.


Durante este período curto de férias (5 dias úteis), fiz o que mais gosto de fazer: ler. 

Só li autoras portuguesas: regressei a Lídia Jorge, a Maria Teresa Horta e agora a Teolinda Gersão, que há muito não lia.

Sabe cada vez melhor ser dona e senhora do meu tempo, sem horários, sem compromissos de maior. Sinto que a idade nos traz a lucidez de compreender que o nosso tempo mais precioso é aquele que passamos connosco próprios. Não obstante a companhia próxima daqueles que amamos e queremos bem.

Se e quando tiver possibilidades durante as pausas profissionais irei viajar, mas, mesmo que um dia tal venha a acontecer, o tempo para a leitura será sempre um tempo preciosamente saboreado e imprescindível para o apaziguamento interior.
A literatura permite-me aprender, descobrir, viajar, viver a vida.

A leitura deste título, A Cidade de Ulisses, seduziu-me logo nas primeiras páginas através da história da cidade onde nasci, parecia mesmo um romance histórico, mas mais adiante compreendi que não era, apenas fazia parte de um enredo construído em torno de um jovem casal de artistas plásticos enamorados e de uma cidade milenar.

À volta destes três personagens se desenrola toda a ação deste singular romance. Um romance contemporâneo, que atravessa a história recente do país, é fácil reconhecermos neles os tempos altos e baixos por que passamos.

Amanhã regresso ao serviço e continuarei a seguir o plano de leituras que tracei, desta feita, autores estrangeiros: Stendhal, James Joyce, Gustave Flaubert e Fiódor Dostoievski. De novo plano de leituras darei conta em 2019…

Apreciei o regresso a Teolinda Gersão, irei procura-la brevemente, por agora, convido-vos a descobrirem a escritora…


quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Espectante...


Livro: Ema, Maria Teresa Horta, D. Quixote, 2017.


Conclui esta manhã bem cedo a leitura deste pequeno e inquietante romance.

Os romances de Maria Teresa são assim, plenos de emoções contraditórias, ora somos invadidos por uma angústia e um desespero pelas suas personagens tomadas pela dor, o nojo, a tristeza, o desespero e pela brutalidade, a violação, o cerceamento, que muitíssimas mulheres têm experimentado ao longo dos tempos ou para alegria de todas nós, suas devotadas e agradecidas leitoras, somos invadidas por momentos de puro êxtase erótico.

A mulher vagueia no universo repressivo da casa. Poderia ser a mesma onde a avó fora morta pelo avô, ou de onde a mãe saíra, louca, para o hospital psiquiátrico. Ema é o nome de todas elas. Como o da antepassada tomada pelo terror após ter parido uma menina, sem dar ao homem com quem casara um filho varão. É esse espaço de violência que vai alimentando o ódio na paixão que a última das Emas tem pelo marido. Um ódio crescente que a impele, implacável, para a violência, para o assassínio dele. Uma morte desfrutada, dir-se-ia gozada, por um olhar onde, apesar de tudo a paixão perdura…

Maria Teresa Horta escreve para todas as mulheres e todos aqueles homens que amam verdadeiramente as mulheres.

Eu falo das vozes que as bruxas e as santas ouviam. As histéricas. As loucas.”

São romances terríveis e ainda assim sublimes.

Recomendo vivamente que descubram a escrita e a mensagem de Maria Teresa Horta, a nossa querida poetisa.