segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Livro: Djamila, Tchinguiz Aitmatov, Relógio D’Água, 1991.

Fui desafiada para a leitura de Djamila, de Tchinguiz Aitmatov (1928-2008), um escritor de nacionalidade russa e quirguiz, não o conhecia de todo. Foi uma agradável surpresa:

Nada disto nos explica, porém, que, algures na Ásia central, um jovem tenha escrito, no início da segunda metade do ´seculo XX, uma história que é – juro-o – a mais bela história de amor do mundo. Uma história ao mesmo tempo breve e imensa. Uma história de amor onde não há uma palavra inútil, uma frase que não tenha eco no coração.

Aragon

Desafio aceite, a leitura foi concluída no decurso de uma viagem aérea de aproximadamente uma hora e trinta minutos: de Lisboa para o Funchal.

Talvez porque a viagem deixava para trás a minha cidade berço, não foi a história de amor que mais me fascinou, mas a intensidade da declaração de amor à terra do personagem do par principal Daniar e Djamila:

Eu sabia que só podia amar assim a sua terra quem tivesse sentido saudade dela durante muitos anos, quem tivesse alimentado esse amor com o sofrimento. Quando Daniar cantava, eu via-o, pequeno, vagueando pelos caminhos da estepe. Foi então que nasceram na sua alma essas canções da pátria? Ou nasceram quando marchava pelas linhas de fogo?

Ao ouvir Daniar, sentia vontade de cair de bruços e abraçar a terra estreitamente, como um filho, só pelo facto de um homem a amar daquela maneira.”

Este pequeno livro com pouco mais de sessenta páginas é uma pérola e não apenas pela história de amor entre Daniar e Djamila. 

Convido-vos a descobri-lo…


 

 

Livro: Istambul - Memórias de uma Cidade, Orhan Pamuk, Editorial Presença, 1ª edição/jul08.

 Depois de Constantinopla (1877) de Edmondo de Amicis, mas antes da leitura de Constantinopla (1853) de Théophile Gautier, concluí Istambul – Memórias de uma Cidade (2018), de Orhan Pamuk. 

E porque refiro os títulos de Amicis e de Gautier sendo eles estrangeiros e Pamuk um istambulense? Porque é Pamuk quem os evoca e reflete sobre o que escreveram aqueles autores sobre Constantinopla/Istambul.

Foi uma leitura muito interessante por ser memorialista, por Pamuk intersetar as suas memórias de infância com a evolução da cidade e das suas gentes, recuando ao antigo Império Otomano.

Sinto curiosidade em ler Constantinopla, de Thóophile Gautier, será o fecho de um círculo literário. 

Concluo esta breve reflexão recomendando vivamente a leitura de Istambul...


 

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

in JL 1331-2021, por José-Augusto França, Um pedagogo exemplar, Guilherme d' Oliveira Martins.

"...a língua portuguesa é a única falada na Europa que usa todos os dias uma palavra "o oxalá" (se Deus quiser), ou seja nós estamos a falar árabe sem dar por isso, e vivemos muito bem e muito pacificamente. Em suma, nós somos sempre os outros". 


sábado, 25 de setembro de 2021

Livro: Ensaios – Antologia, Michel Montaigne, Relógio D’Água, 1ª edição/mai16.

Acabei de ler este livro no início da semana, porém, mercê do cansaço que começa a acumular-se só agora surgiu a oportunidade de escrever esta breve reflexão sobre um livro singular e profícuo que nos convida a refletir.

Michel Eyquem em Saint-Michel-de-Montaigne, nasceu em Dordogne, em 1533 e morreu em 1592), foi jurista, político, filosofo e escritor. 

A sua obra influenciará pensadores como Pascal, Rousseau, Nietzsche, Emersol e Shakespeare. Será traduzido e lido em quase todos os países, fundando um género, o ensaio. A sua maior herança terá, no entanto, sido o seu exemplo de «liberdade de pensamento».

Para celebrar o seu retiro da magistratura, a fim de se consagrar à atividade literária. Montaigne fez, em sua célebre torre, pintar no gabinete adjunto à sua biblioteca uma inscrição em latim (…) «No ano de Cristo 1571, com a idade de 38 anos, na véspera das calendas de Março, seu aniversário natalício, Michel de Montaigne, desde há muito desgostado da servidão áulica e dos cargos públicos, sentindo-se ainda vigoroso, retirou-se para o seio das doutas virgens, onde, calmo e sem se inquietar com a mais pequena coisa, passará o que lhe resta de uma vida já muito avançada.»”

Um prefácio e tradução de Rui Bertrand Romão, que nos situa no momento histórico em que Montaigne viveu.

Gostei muito deste livro e recomendo a sua leitura vivamente...


 

 

domingo, 15 de agosto de 2021

Livro: A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Max Weber, Relógio D’Água, 1ª edição/abr2018.

Foi uma leitura deveras interessante e enriquecedora, mas requereu uma especial atenção e cuidado de modo a acompanhar as ideias explanadas por Max Weber (1864-1920).

Este livro é, indiscutivelmente, o trabalho sociológico mais importante do século XX. As palavras de Weber surtiram profunda influência no desenvolvimento das ciências sociais modernas.”

Resumindo, o autor, “…atribui a ascensão da economia capitalista à crença calvinista nos valores morais do trabalho duro e do alcançar da satisfação através do cumprimento dos deveres mundanos.”

Baseada na edição alemã de 1920, esta nova tradução inclui [felizmente] uma esclarecedora introdução de Anthony Giddens, notas explicativas, e reações e comentários feitos por Weber às críticas que a sua obra recebeu”.

Os elementos de análise de Weber mais postos em causa são, diria: o caráter distintivo da noção de “apelo” no luteranismo; a hipotética falta de “afinidade” entre o catolicismo e a atividade empresarial regulamentada; e, o cerne da tese, a que ponto a ética calvinista realmente serviu para honrar a acumulação de riqueza do modo sugerido por Weber.  Se Weber estivesse errado nestas questões, identificar as consequências do amplo espectro dos seus escritos permaneceria um assunto complicado. No mínimo, implicaria considerar o estatuto dos estudos das “religiões do mundo”, o problema geral da racionalização da cultura – e o quadro metodológico em que Weber trabalhava. Ainda nenhum autor se propôs a tal tarefa, e talvez fosse preciso alguém com uma vasta erudição semelhante à do próprio Weber para a levar a cabo com alguma hipótese de êxito. [do prefácio de Anthony Guiddens, Cambridge, 1976]”

Seria fácil recomendar a leitura destes 2 ensaios, desta vez, deixo-os à V. atenção…