sexta-feira, 24 de março de 2017

25 de março de 1957: assinatura do Tratado de Roma.

Amanhã comemoram-se 60 anos da assinatura do Tratado de Roma (1957), que deu origem à Comunidade Económica Europeia (CEE) e à Comunidade Europeia de Energia Atómica (Euratom), os mesmos 6 países fundadores já haviam criado em 1951, a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA). A partir dessa data foram aderindo ao projeto novos países, hoje, como bem sabeis, somos 28, mas, a retroceder para 27...
 
De acordo com as sondagens, a maioria dos 515 milhões de habitantes do território comunitário sentem-se descrentes com o projeto europeu, contudo, como se compreende tal se os estados europeus continuam a figurar nos melhores lugares nos rankings sobre desenvolvimento e bem-estar?
 
Eu continuo a acreditar na União Europeia, creio também que necessita de evoluir, de integrar, de crescer. 
 
Eu acredito sobretudo numa Europa unida na diversidade dos povos e culturas que a integram.
 
Meus amigos, convido-vos a celebrar e a refletir sobre o que cada um de nós pode fazer pelo projeto europeu.
 
Li na Visão que: "graças à UE, pela primeira vez desde o império romano, três gerações seguidas de europeus vivem em paz". 
 
Este serão, depois de assistir à nova série na RTP2, vou regressar à leitura de Guerra e Paz, de Lev Tolstoi, boa noite meus amigos...
 
 

quarta-feira, 15 de março de 2017

Aniversário da Alfândega do Funchal, 540 anos.

Para escrever sobre o que quer que seja é necessário “apetecer”, “vontade”, inspiração e principalmente transpiração, mas, escrever algumas palavras que façam jus à identidade histórica desta instituição, será apenas aflorar factos e desassossegar o vosso dia de trabalho.

Em 15 de Março de 1477, através de carta, a infanta D. Beatriz, então administradora da Ordem de Cristo, determinou a criação de postos alfandegários, em virtude da alfândega de Lisboa, que tinha foral desde as épocas de D. Dinis e de D. Fernando, não conseguir corresponder ao aumento do tráfego ultramarino do inicio da época dos descobrimentos.

Quando o duque D. Manuel, filho de D. Beatriz, assumiu a direcção da Ordem de Cristo e por morte de D. João II, em 1494, subiu também ao trono de Portugal, uma das suas primeiras medidas como Rei, foi a incorporação da Madeira no património da “Coroa para sempre”.

A produção açucareira continuava a subir e com ela a atenção para tudo o que dissesse respeito à Madeira”.

Com efeito, a boa aclimatação da cana sacarina a uma terra fértil e pródiga em água, transformou a ilha, logo na segunda metade do séc. XV, em região exportadora de um produto exótico com colocação muito rentável no mercado europeu, para além de vir colmatar as necessidades cerealíferas do reino que o Norte de África, afinal, não conseguia satisfazer.

“Desta forma os aspectos económicos passaram a merecer por parte do Rei uma muito especial atenção, pelo que foi reformulado o diploma da alfândega do Funchal. Tal como outros diplomas de carácter jurídico e administrativo, também o diploma da alfândega do Funchal veio a servir de modelo para as alfândegas dos Açores e dos demais domínios ultramarinos portugueses.

Naquele tempo, a Madeira assumia para o Reino um papel fundamental no espaço geoeconómico do Mediterrâneo atlântico, a que se veio juntar anos mais tarde, os Açores, hoje, a Madeira e os Açores possuem uma capital importância geoestratégica e geopolítica, não só para o todo nacional, mas, para a União Europeia.

Neste dia em que se completa mais um aniversário desta vetusta instituição, não esquecemos o passado que nos alicerça, mas, olhamos o futuro com curiosidade e temperança, afinal, sabemos bem que as mulheres e os homens passam, a instituição fica.

Para terminar, esta singelíssima celebração, trago-vos um poeta, para mim, “mágico”:

Ficámos, pois, cada um entregue a si próprio, na desolação de se sentir viver. Um barco parece ser um objecto cujo fim é navegar; mas o seu fim não é navegar, senão chegar a um porto. Nós encontrámo-nos navegando, sem a ideia do porto a que nos deveríamos acolher. Reproduzimos assim, na espécie dolorosa, a fórmula aventureira dos argonautas: navegar é preciso, viver não é preciso.
Sem ilusões, vivemos apenas do sonho, que é a ilusão de quem não pode ter ilusões. Vivendo de nós próprios, diminuindo-nos, porque o homem completo é o homem que se ignora. Sem fé, não temos esperança, e sem esperança não temos propriamente vida. Não tendo uma ideia do futuro, também não temos uma ideia de hoje, porque o hoje, para o homem de acção não é senão o prólogo do futuro.

Bernardo Soares/Fernando Pessoa, Livro do Desassossego, Ática, 1982.


Continuação de um ótimo dia de trabalho e saudações aduaneiras e tributárias cá da Pérola do Atlântico!


sábado, 4 de março de 2017

O que é para mim a cultura?

Gostei do desafio que a Anabela Mota Ribeiro lançou no programa Curso de Cultura Geral, a minha resposta foi singela, pois possuo muitas lacunas, assim, de uma forma despretensiosa enviei-lhe a minha lista:

O que é para mim a cultura?

Cultura para mim é tudo aquilo que me faz feliz, me acrescenta algo, me interroga, me convoca, pode ser um livro, um texto, um poema, uma pintura, um vitral, uma porcelana, um cristal, um azulejo, uma tapeçaria, um biombo, uma fotografia, uma cadeira, um filme, uma peça de teatro, uma peça musical ou um bailado, mas, pode também ser os contrafortes de uma catedral, a pala do Pavilhão de Portugal, uma ponte, uma exposição, um concerto, uma ópera, uma conferência, uma tertúlia ou uma conversa entre amigos com muito que contar…

Sou eclética nos meus gostos, gosto de criação literária, artística, científica e filosófica.

Possuo imensas lacunas, mas, entretenho-me imenso a procurar colmatá-las.

Finalmente, gosto tanto de palavras como gosto de números.

Eis a minha lista: 

1. Maria Teresa Horta, a sua poesia, o seu desassossego em prol das Mulheres; 

2. As Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, o prefácio de Ana Luisa Amaral e O Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, um poço sem fundo de interrogações;

3. A escrita de Agustina Bessa Luis, de Hélia Correia, de Mia Couto, de Aquilino Ribeiro, de Jorge de Sena e de Eça de Queiróz, de Lev Tolstoi, de Virginia Woolf, de Dostoievki, de Jane Austen, de Stendhal, etc, etc; 

4. A audição da Orquestra Clássica da Madeira no dia mundial da Música – 1out16; 

5. O MNAA, o MNA e o Museu Calouste Gulbenkian, acervos de inesgotáveis emoções; 

6. Assistir à Conferência de Eduardo Lourenço, Helder Macedo e Joaquim Pizarro, sobre «como a matéria simples busca a forma», Camões, integrada no Festival Literário da Madeira em 2015; 

7. Assistir ao regresso das tertúlias “Ler no Chiado”, com o tema “porque os livros são objetos transcendentes” e ouvir Ana Bacalhau cantar Chico Buarque, Pedro Lamares ler Sophia, Carlos Mendes de Sousa falar de Sophia, visionar a curta-metragem que João César Monteiro realizou sobre Sophia em 1969 e escutar atentamente Eduardo Lourenço; 

8. No Doclisboa’16, o filme “I am the Blues” de Daniel Cross;

9. Ouvir uma e outra vez Bil Evans em “You Must Believe in Spring”; 

10. O Requiem de Mozart, sempre.