domingo, 27 de dezembro de 2020

Livro: Elogio da Sombra, Junichiro Tanizaki, Relógio d’Água, 2016.

 A poucos dias do ano acabar, concluí a leitura de um pequeno ensaio de um autor que não conhecia: Junichiro Tanizaki (1886-1965), um escritor prolífero “…romancista, dramaturgo, ensaísta, tradutor, e autor de guiões cinematográficos…”, a sua obra “… é caracterizada por uma visão algo peculiar – pelo menos para olhos mais comuns – da realidade, onde duas linhas são omnipresentes: obsessões eróticas de tipo fetichista (em que o pé da mulher tem lugar de destaque) com um mundo preenchido por mulheres perversas e denominadoras; e um permanente sublinhar da beleza e supremacia dos valores tradicionais japoneses, bem como a tensão provocada pelo recontro entre esses valores e a modernização (ocidentalização) do mundo.”

Esta obra é considerada um dos mais “fascinantes ensaios sobre as diferenças entre o Ocidente e o Oriente.” 

Para os ocidentais, o mais importante aliado da beleza sempre foi a luz, a ausência de sombras. Para a estética tradicional japonesa, do rosto das mulheres às salas dos templos, o essencial está na sombra e nos seus efeitos. 

Neste ensaio de 1933, Tanizaki fala-nos da cor das lacas, dos atores de no, das paredes dos corredores, dos beirais das casas, da luz que há na sombra, para nos prevenir contra tudo o que brilha.” 

Revela-nos o que sentia ao olhar o papel o papel dos shoji, a visão de um universo ambíguo onde luz e sombra se confundem numa impressão de eternidade.

Foi uma leitura muito interessante, no entanto, encontro beleza na luz e em toda a paleta de cores, aprecio especialmente a aurora e o entardecer, mas prefiro a claridade e a luminosidade, às sombras e aos tons sombrios.

Considero-me um ser de luz, radiante, diurna. 

Enfim, resta-me convidar-vos a lerem este pequeno ensaio…


 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Livro: Cinco Conferências sobre Psicanálise, Sigmund Freud, Relógio d’Água/Livros de Bolso, 2016.

 Ao longo da nossa vida, palavras e conceitos como

histeria,

distúrbios físicos e mentais,

traumas psíquicos,

hipnose,

reminiscências,

neurose,

recalcamento,

sublimação,

inconsciente,

interpretação dos sonhos,

angústia,

desejos recalcados,

ego,

pequenos atos falhados e sintomáticos,

perversão,

autoerotismo,

infantilismo,

mito do rei Édipo,

Hamlet, de Shakespeare,

incesto,

teorias sexuais infantis,

regressão temporal e formal,

fantasias,

transferência,

sublimação,

não são desconhecidas, umas mais do que outras evidentemente, mas, todas elas pertencem a um só universo: a psicanálise, um instrumento clínico de tratamento de um conjunto significativo de distúrbios físicos e psíquicos.

Através da leitura de Cinco Conferências sobre Psicanálise, proferidas de improviso, por Sigmund Freud (1856-1939), em 1909, na Clark University, Nova Inglaterra, Worcester, USA, aprendi um pouco mais sobre a “…história do surgimento e posterior evolução deste novo método de investigação e tratamento.”

Foi uma leitura acessível, proveitosa e muito interessante, recomendo-a vivamente.


 

domingo, 13 de dezembro de 2020

Livro: O Arranca Corações, Boris Vian, Editorial Estampa, 1970.

 Há muito que ouvia falar deste título cá em casa, o Luis é fã do escritor e já leu 3 vezes este livro.

Do que pude apurar O Arranca Corações foi a última novela escrita por Boris Vian (1920-1959), um homem singular capaz de se interessar por múltiplas disciplinas, um polimata: exerceu engenharia, foi escritor, poeta, tradutor, músico e cantautor francês. 

Possuímos outros livros do autor: A Espuma dos Dias (considerado a obra prima do autor) e irei cuspir-vos nos túmulos (o mais polémico), mas, sentia muita curiosidade em conhecer um livro de que ouvia falar há décadas!

Após ler as primeiras páginas comecei por achar hilariante a forma de descrever um real muitas vezes absurdo: as descrições da natureza eram sempre belas e cinematográficas, os personagens humanos praticavam toda a espécie de atos, alguns cruéis e sádicos, os perpetradores não eram penalizados nem censurados socialmente e a vergonha era transferida para um personagem cuja única e exclusiva tarefa era expiar as barbaridades cometidas pelos habitantes daquela aldeia.

Havia ainda uma mãe de gémeos e de um terceiro filho que por excesso de sentimento maternal, acabou por colocar os 3 filhos em gaiolas para os proteger de todos os perigos reais e imaginários e puder mimar a seu bel-prazer.

Foi das leituras mais desconcertantes que já li.

Hei de regressar a outra das novelas que possuímos do autor, mas para já sinto necessidade de ir ao encontro de outros universos.