segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Livro: Eusébio Macário, Camilo Castelo Branco, Casa de Camilo/Alêtheia Editores/Expresso, 2016.

Em boa hora o semanário Expresso, em parceria com a Casa de Camilo e a Alêtheia Editores, resolveu publicar durante o Verão de 2016, um conjunto de 6 títulos, todos de Camilo Castelo Branco, uma pequena coleção em que cada livro é prefaciado por outros tantos escritores contemporâneos.
Do escritor li há muitos anos, pois claro, o Amor de Perdição e mais recentemente A Queda de Um Anjo. Com esta coleção espero ficar a conhecer um pouco mais de um escritor que a par de Eça de Queiroz e de Aquilino Ribeiro, faz parte do nosso Panteão.
Da coleção comecei e já terminei a leitura de Eusébio Macário, com prefácio de A. M. Pires Cabral, poeta e escritor. Um romance com pouco mais de 100 páginas, muito interessante e que de acordo com o próprio, Camilo pretendeu com este livro divertir os seus leitores, fugindo do género novelista a que os habituara.
Camilo Castelo Branco escrevia sobre a sociedade do seu tempo, e escreveu muito, foi um escritor prolífero.
Gostei de ler Eusébio Macário e ainda tenho mais 5 romances de Camilo Castelo Branco para ler. Ainda bem.

Recomendo que leiam…


quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Livro: A Escada de Istambul, Tiago Salazar, Oficina do Livro, 2016.

Durante a hora do almoço, mas antes de almoçar, terminei a leitura de A Escada de Istambul, um livro simpático com uma história muito curiosa.
A saga de uma família de judeus sefarditas andando em bolandas pela Europa, de cidade em cidade até ao extermínio em Auschwitz.
Esperava mais do livro, procurava respostas, o porquê do ódio, do desprezo, mas também da inveja e do ciúme que sempre acompanharam os homens, as mulheres e as crianças que professam a religião judaica. Eles consideram-se um povo, outros atribuem-lhes uma raça. Eu vejo-os como homens, mulheres e crianças que possuem uma religião, uma cultura, uma identidade própria.
Este livro não me elucidou nem me sossegou o espírito. Fiquei a saber que existiu uma família Camondo, que foram comerciantes muitíssimo abastados, que tentaram deixar por onde passaram um legado de educação e conhecimento, de cultura e um património riquíssimo.
Tudo o que faziam nunca foi suficiente para agradar aos outros, mais se fechavam nas suas conchas. Acho que ainda é assim.
Como literatura soube a pouco, vejo-o como um tributo romanceado, de acordo com o escritor baseado em informações recolhidas junto de duas senhoras biógrafas que identifica.

Só posso recomendar que leiam A Escada de Istambul e tirem as vossas conclusões…


sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Livro: La Coca, J. Rentes de Carvalho, Quetzal, 2011

Um romance cujo título é La Coca e que começa assim: “O funcionário da alfândega não sabia disfarçar.” teria mesmo que despertar a minha atenção e curiosidade. 
 
Sou funcionária aduaneira, gosto da escrita de Rentes de Carvalho, não foi preciso inventar mais nada para trazer o romance para casa.
 
Tal como a maioria dos portugueses descobri José Rentes de Carvalho há poucos anos; apesar da sua provecta idade, Rentes de Carvalho nunca foi um escritor muito estimado, as razões para tal ter acontecido não importa agora esmiuçar.
 
Prefiro escrever sobre o romance que terminei de ler. Como poderia deixar entender pelo título, o romance debruça-se sobre droga, mas não só e nem da forma a que estamos habituados. Rentes de Carvalho autobiográficamente escreve sobre as formas enviesadas e de sobrevivência que os seus conterrâneos sempre tiveram para conseguir sobreviver no interior pobre e sempre esquecido do nosso país. 
 
Antes, durante e após as duas Grandes Guerras, o meio de subsistência de muitos habitantes rurais, sobretudo aqueles que viviam nos dois lados da fronteira, foi o contrabando de quase tudo: cigarros, uísque, barras de ouro, gado, café, azeite, bacalhau, enfim, tudo o que desse dinheiro.
 
Rentes de Carvalho, filho de um inspetor da alfândega, viveu e cresceu no ambiente e teve como amigos de infância e adolescência, muitos filhos e futuros contrabandistas. Mais tarde, bastante mais tarde, resolve escrever sobre essas memórias e regressa à sua terra a fim de saber do destino desses amigos e conhecidos.
 
Descobre que o mundo do contrabando mudou muito, agora é a droga, a mercadoria rainha e aquela que maiores lucros traz, mas, vem acompanhada com mais violência, sangue, morte, vingança.

Como atrás referi, gosto da escrita, seca, direta, objetiva, forte, de José R. de Carvalho, como ainda possuo três títulos do autor para ler, seguramente irei regressar ao seu convívio, para já, limito-me a recomendar a sua leitura…