terça-feira, 22 de setembro de 2020

in A Obsessão da Portugalidade, Onésimo Teotónio Almeida.

" (...) Portugal (...) retângulo mal aconchegado a um canto descaído da Europa, apenas respingado numa dúzia de ilhas adjacentes e com um esquecimento, que chega a ser um souvenir doloroso às portas da China: Macau."


sábado, 19 de setembro de 2020

in JL 1303, Paralaxe, O Vício dos Livros, Afonso Cruz

"De facto, ter livros não é o mesmo do que ter dinheiro. Ter livros é como ter amigos, ter dinheiro é como ter como pagar a amigos."

sábado, 5 de setembro de 2020

Livro: Grande Sertão: Veredas, João Guimarães Rosa, Companhia das Letras, 2019.

Necessitei de 81 dias para ler este romance, foi uma leitura desafiante, lenta, às vezes difícil, tudo por causa do léxico sertanejo, parece mesmo uma língua nova.

Viver é muito perigoso… Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar. Esses homens! Todos puxavam o mundo para si, para o concertar concertado. Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo.” 

É preciso sentir um grande amor pelo seu país e ser muito corajoso, João Guimarães Rosa (1908-1967), médico, escritor, diplomata, poliglota, membro da Academia Brasileira de Letras (1963), para se propor a escrever um romance onde os personagens principais são jagunços, toda a ação decorra no Sertão Nordestino, onde a natureza impõe as regras, mas onde os grandes dilemas do homem também se colocam.

O senhor sabe: sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado! E bala é um pedacinhozinho de metal.”

O personagem principal, também narrador, o jagunço Riobaldo/Tatarana/Urutú-Branco, conta a história de sua vida a alguém não identificado, atravessando as várias fases de sua vida, conta como se tornou um jagunço, as suas dúvidas existenciais, o amor, o sexo, a camaradagem, a forma como vê e sente a sua ligação ao Grande Sertão, as lutas entre fações, as tensão entre chefes de diferentes bandos de jagunços, centrando especialmente a sua narrativa em dois aspetos: a ligação a outro jagunço, Diadorim e a relação ambígua com o bem e o mal, chegará Riobaldo a fazer um pacto com o Diabo?

Sabe o senhor: sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar. Viver é muito perigoso.”

Concluo a minha reflexão com o habitual convite para a leitura de Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa…