“Em aventura de
amor a dois, é a mulher que depõe e arrisca seu corpo e alma, que homem não
engravida e está já feito aos jogos de libertinagem e do amor que se lhes
permite. Que disseste tu, cavaleiro, quando eu te disse estar grávida de ti?
Que mulher importuna, pensaste, e disseste-me «deixai-vos de imaginações,
senhora, que não é por elas que me prendeis.»
“Minhas irmãs,
Mas o que pode a
literatura? Ou antes: o que podem as palavras?”
“O que podemos
com elas (as palavras) em nosso favor e de mulher em mulher nos dizermos e
contarmos do domínio que ainda somos, despojo hoje de guerreiros que se fingem
companheiros em ajudada luta, mas que apenas pretendem montar-nos e serem
cavaleiros de Marianas de outros cativeiros presas e monjas de diferentes
conventos, sem disso se darem conta?
Eis-nos em
Portugal em plena era da libertação da mulher”
“Eis-nos, pois,
irmãs, em plena era da libertação da mulher portuguesa… e o homem exulta e
afirma: «Somos pela promoção feminina, promovamos a mulher, desalgememos a
mulher, descravizemos a mulher.»
E o homem
exulta, irmãs, e ajuda a mulher nesta farsa, neste engodo de, nesta falsa e
vergonhosa «libertação» onde cada vez mais presa (agora de si própria), a
mulher é apanhada nas malhas de uma sociedade que a usa, a domina, a escraviza,
a conduz, a utiliza, a manuseia, a consome.”
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