terça-feira, 31 de março de 2015

Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa, in “Novas Cartas Portuguesas”, D. Quixote.



“Em aventura de amor a dois, é a mulher que depõe e arrisca seu corpo e alma, que homem não engravida e está já feito aos jogos de libertinagem e do amor que se lhes permite. Que disseste tu, cavaleiro, quando eu te disse estar grávida de ti? Que mulher importuna, pensaste, e disseste-me «deixai-vos de imaginações, senhora, que não é por elas que me prendeis.»


“Minhas irmãs,
Mas o que pode a literatura? Ou antes: o que podem as palavras?”

“O que podemos com elas (as palavras) em nosso favor e de mulher em mulher nos dizermos e contarmos do domínio que ainda somos, despojo hoje de guerreiros que se fingem companheiros em ajudada luta, mas que apenas pretendem montar-nos e serem cavaleiros de Marianas de outros cativeiros presas e monjas de diferentes conventos, sem disso se darem conta?
Eis-nos em Portugal em plena era da libertação da mulher”


“Eis-nos, pois, irmãs, em plena era da libertação da mulher portuguesa… e o homem exulta e afirma: «Somos pela promoção feminina, promovamos a mulher, desalgememos a mulher, descravizemos a mulher.»
E o homem exulta, irmãs, e ajuda a mulher nesta farsa, neste engodo de, nesta falsa e vergonhosa «libertação» onde cada vez mais presa (agora de si própria), a mulher é apanhada nas malhas de uma sociedade que a usa, a domina, a escraviza, a conduz, a utiliza, a manuseia, a consome.”



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