quarta-feira, 30 de maio de 2018

Livro: O Samurai Negro, João Paulo Oliveira e Costa, Temas e Debates, 2016.

Terminei hoje durante o intervalo para o almoço a leitura do romance histórico O Samurai Negro, o título parece deixar antever que a ação decorre essencialmente no Japão, porém, este simpático e movimentado romance passeia-nos por Lisboa, Roma, Pernambuco, Congo, Goa, Cochim e Sul da China., sítios e lugares por onde andaram os portugueses.
Conhecemos o autor desde 2008, em março desse ano foi publicado O Império dos Pardais, um romance histórico fabuloso, foi o primeiro de uma trilogia, seguiram-se O Fio do Tempo (2010) e O Cavaleiro de Olivença (2012), igualmente muito envolventes.
Ficamos fãs das suas histórias romanceadas baseadas em acontecimentos históricos estudados no âmbito do seu trabalho académico, neste caso “… investigações de cerca de vinte anos sobre a presença portuguesa no Japão.
Comecei por apreciar a frescura da escrita. Achei alguma, pouca, piada à referência indireta do Sport Lisboa e Benfica (SLB), o escritor é um benfiquista ferrenho, e ainda a uma expressão muito conhecida o “olhe que não, olhe que não”.
É um romance muito interessante que poderia até fazer parte do Plano Nacional de Leitura (PNL), seria uma forma didática e divertida de aprender História de Portugal.

Ao som de Blue Train, de John Coltrane, termino e recomendo vivamente a leitura de O Samurai Negro, de João Paulo Oliveira e Costa...


domingo, 27 de maio de 2018

Fomos à Feira do Livro do Funchal.

Fomos à Feira do Livro do Funchal. Primeiro, assistimos à parte final da conversa literária com o Onésimo Teotónio Almeida, gosto muito de o ler no JL e gostei muito de o ouvir. Depois fomos assistir a uma conversa com José Gomes Ferreira durante cerca de 2:30h, foi muito interessante e didático. Encontramos 2 queridos amigos e de caminho trouxe um ensaio do Prof. Onésimo Teotónio Almeida. 
Foi uma tarde de domingo como há muito não tinha! 
Boa noite, ótima semana e leituras vibrantes, meus amigos...

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Livro: Os Loucos da Rua Mazur, João Pinto Coelho, Leya, 2017.

A leitura desta obra de ficção provocou em mim, emoções contraditórias. Por um lado, a temática despertou em mim a curiosidade, desde a adolescência que leio sobre o Holocausto, é um tema que me provoca angústia, um sentimento que me acompanha há décadas.
Por outro, ansiava por terminar a sua leitura, queria ir-me embora, não sei se por causa do que lia, afinal há muito tempo que não lia relatos tão pormenorizados sobre o horror vivenciado pelos personagens, numa cidadezinha do nordeste da Polónia, em julho de 1941, se por causa da forma de escrever do autor.
Alguma coisa não funcionou, para mim, neste romance premiado e alvo de polémica com as autoridades polacas. A verdade histórica deve ser revelada, os fantasmas enfrentados e seguir em frente, virar a cara para o lado, negar e fugir do assunto e da responsabilidade partilhada é que não.

Resta-me recomendar a leitura de Os Loucos da Rua Mazur, de João Pinto Coelho, a fim de retirarem as vossas conclusões…



quarta-feira, 16 de maio de 2018

Livro: Vida após Vida, Kate Atkinson, Relógio D'Água, 2014.

Terminei há pouco a leitura de um romance bastante curioso e assaz engenhoso na sua construção, conhecem com certeza a expressão “pescadinha de rabo na boca”, pois bem, este romance ensaia múltiplas hipóteses de contar uma história, dos possíveis caminhos que a vida da personagem principal poderia ter tomado, ela, a família, os amigos e os conhecidos.
O espaço temporal em que decorre o enredo inicia-se antes da I Guerra Mundial, atravessa-a, chega à II Guerra Mundial, com a personagem principal já adulta, centra-se especialmente durante esse período negro e vem terminar nos anos sessenta, mas, há sempre um mas, o enredo avança, recua, amiúde vezes, tomando e supondo caminhos alternativos. No final, regressamos ao início, o nascimento atribulado e periclitante de Ursula, a personagem principal.
Uma fórmula bastante curiosa e para mim, completamente nova e estimulante. Um romance com uma escrita muito consistente. Gostei muito.

Termino esta brevíssima reflexão deixando o convite para virem descobrir, Vida após Vida, de Kate Atkinson…


domingo, 6 de maio de 2018

Livro: Mataram a Cotovia, Harper Lee, Relógio D’Água, 2013.

Depois deste período de férias que chega ao fim, vou sentir a falta dos fins de manhã, de tarde e dos serões passados a ler, ora na biblioteca/escritório, ora na sala e no quarto, mas sobretudo do tempo passado na varanda a ler ao som do dia-a-dia, dos pássaros e das crianças brincando no jardim.
Ontem à noite, depois de ter assistido a mais um concerto da Orquestra Clássica da Madeira, conduzida por um maestro convidado e solista virtuosíssimo - violino -, no Teatro Baltazar Dias, uma sala não muito grande, acolhedora, belíssima e com uma acústica fenomenal, e de jantar fora, um programa que adoro fazer, sentei-me confortavelmente no meu canto de leitura na sala e deixe-me envolver pelo formidável romance que iniciara no dia do Trabalhador: Mataram a Cotovia, de Harper Lee,
Um romance concluído em 1959, publicado em 1960 e premiado no ano seguinte com o Pulitzer de Ficção. Harper Lee publicou muito pouco e foi sempre avessa a entrevistas.

«O estilo de Harper Lee revela-nos uma prosa energética e vigorosa capaz de traduzir com minúcia o modo de vida e o falar sulista, bem como uma imensa panóplia de verdades úteis sobre a infância no Sul dos USA.» Times

Mais ainda, uma escrita fluída, onde o tema da descriminação racial paira do princípio ao fim do romance, escrever e defender a igualdade racial nos idos anos cinquenta deixa-nos a convicção de que a América tem salvação.

«À medida que fores crescendo, e durante todos os dias da tua vida, vais ver sempre homens brancos a enganar homens negros, mas deixa que te diga uma coisa que nunca mais vais esquecer… sempre que um homem branco fizer algo a um homem negro, independentemente da sua natureza, posição, riqueza ou linhagem familiar, esse homem branco nada mais é senão lixo.»

Termino recomendando vivamente a leitura deste fabuloso romance: Mataram a Cotovia, de Harper Lee…


terça-feira, 1 de maio de 2018

Livro: Memorial do Convento, José Saramago, Caminho, 1986.


Num dia simbólico como o de hoje, terminei a leitura de um romance emblemático: Memorial do Convento, de José Saramago.

Muito tempo decorreu desde a última tentativa de o ler, fui adiando, amadureci, aguardei pela sua chamada. Como tenho muitos livros a aguardar serem lidos, há muito que senti a necessidade de elaborar planos de leitura, segundo critérios por mim inventados, às vezes desvio-me, mas rapidamente regresso ao caminho previamente traçado.

O meu marido leu, devorou, quase todos os livros de José Saramago, mesmo antes de lhe ser atribuído o prémio Nobel. Eu apenas lera o Todos os Nomes e confesso que não o apreciei por aí além, falta de entendimento, concluo hoje. 

Os meus filhos leram a obra em contexto escolar e também eles gostaram muitíssimo do romance, só faltava mesmo eu para o conhecer.

Assim que comecei a ler o Memorial do Convento, um estranhamento começou a invadir-me, estava a ler um romance histórico ou não? Não, certamente que não. Um romance que incorpora expressões e ditos populares que todos conhecemos, que vem ao presente em busca de entendimento e consequência de factos e comportamentos no passado. 

Um romance mordaz, satírico, cáustico, onde só o amor entre as duas personagens principais é despido de qualquer sarcasmo e crítica social, um sentimento enaltecido acima das vidas comuns.

Uma forma de escrever singular, uma voz única. 

Recomendo vivamente a quem ainda não leu o Memorial do Convento, que se dispa de estereótipos e preconceitos e desfrute.

Quanto a mim, anseio por regressar ao convívio de José Saramago…