terça-feira, 31 de março de 2015

Livro: Novas Cartas Portuguesas, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa, edição anotada, organização de Ana Luisa Amaral,D. Quixote, 2010.

20 de Junho de 2014

Terminei a leitura desta obra publicada em 1971 e da qual tenho vindo a publicar diariamente aqui no FB, pequenos excertos alguns mais relevantes do que outros, de modo a dar a conhecer a obra a quem ainda não a tenha lido.
O facto de ser uma edição anotada ajudou-me a compreendê-la melhor e julgo sinceramente que todas as mulheres a deviam ler, mas não só, todos os homens também.
É uma obra prefaciada por Maria de Lourdes Pintassilgo que no pré-prefácio escreve: "É tal a rotura introduzida pelas Novas Cartas Portuguesas que a sua primeira abordagem só pode ser feita à luz do que elas não são. Não são uma colectânea de cartas, embora se reconheça nelas o estilo tradicionalmente cultivado pelas mulheres em literatura. Não são um conjunto de poemas esparsos, embora em poesia se converta toda a realidade retratada. Não são tão pouco um romance, embora a história vivida (ou imaginada) de Mariana Alcoforado lhe seja a trama principal.
São talvez um pouco de tudo isso. E ainda mais (...) Porque rompem, extravasam. Daí que as Novas Cartas Portuguesas se caraterizem antes de mais pelo excesso. Excessivas as situações, excessivo o tom, excessivas as repetições dum mesmo acto, excessivo afinal todo o livro que vai terminando sem realmente terminar, como se tal excesso não coubesse nas dimensões normais."
Também Ana Luisa Amaral referiu na sua introdução que: "Reescrevendo, pois, as conhecidas cartas seiscentistas da freira portuguesa, Novas Cartas Portuguesas afirma-se como um libelo contra a ideologia vigente no período pré-25 de abril (denunciando a guerra colonial, o sistema judicial, a emigração, a violência, a situação das mulheres), revestindo-se de uma invulgar originalidade e atualidade, do ponto de vista literário e social."
Li esta obra durante o meu período de férias, o qual, ora termina, período de férias destinado sobretudo ao acompanhamento da minha filha no estudo para os exames nacionais, julgo que este objetivo foi muito enriquecido mercê da leitura desta obra espantosa, algo violenta, mas também muito sensível e sensual, até porque a educação das jovens meninas sempre foi vista como algo desnecessário, face à sua condição de mulher. Assim, considero este objetivo duplamente conseguido, por um lado, criando as condições necessárias para a minha filha crescer através dos estudos e por outro, o conhecimento por mim adquirido através da leitura desta magnífica e esclarecedora obra. E ainda porque que a leitura das Novas Cartas Portuguesas, foi acompanhada pela leitura de outra excelente obra literária, de autoria da extraordinária Agustina Bessa-Luis. Mas acerca dessa leitura, as reflexões ficarão para outra nota...

Julgo que desta maneira ficou bem expressa a minha recomendação para a leitura de Novas Cartas Portuguesas.


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