20 de Junho de 2014
Terminei a leitura
desta obra publicada em 1971 e da qual tenho vindo a publicar diariamente aqui
no FB, pequenos excertos alguns mais relevantes do que outros, de modo a dar a
conhecer a obra a quem ainda não a tenha lido.
O facto de ser uma
edição anotada ajudou-me a compreendê-la melhor e julgo sinceramente que todas
as mulheres a deviam ler, mas não só, todos os homens também.
É uma obra prefaciada
por Maria de Lourdes Pintassilgo que no pré-prefácio escreve: "É tal a
rotura introduzida pelas Novas Cartas Portuguesas que a sua primeira
abordagem só pode ser feita à luz do que elas não são. Não são uma colectânea
de cartas, embora se reconheça nelas o estilo tradicionalmente cultivado pelas
mulheres em literatura. Não são um conjunto de poemas esparsos, embora em
poesia se converta toda a realidade retratada. Não são tão pouco um romance,
embora a história vivida (ou imaginada) de Mariana Alcoforado lhe seja a trama
principal.
São talvez um pouco
de tudo isso. E ainda mais (...) Porque rompem, extravasam. Daí que as Novas
Cartas Portuguesas se caraterizem antes de mais pelo excesso. Excessivas as
situações, excessivo o tom, excessivas as repetições dum mesmo acto, excessivo
afinal todo o livro que vai terminando sem realmente terminar, como se tal
excesso não coubesse nas dimensões normais."
Também Ana Luisa
Amaral referiu na sua introdução que: "Reescrevendo, pois, as conhecidas
cartas seiscentistas da freira portuguesa, Novas Cartas Portuguesas
afirma-se como um libelo contra a ideologia vigente no período pré-25 de abril
(denunciando a guerra colonial, o sistema judicial, a emigração, a violência, a
situação das mulheres), revestindo-se de uma invulgar originalidade e
atualidade, do ponto de vista literário e social."
Li esta obra durante
o meu período de férias, o qual, ora termina, período de férias destinado
sobretudo ao acompanhamento da minha filha no estudo para os exames nacionais,
julgo que este objetivo foi muito enriquecido mercê da leitura desta obra
espantosa, algo violenta, mas também muito sensível e sensual, até porque a
educação das jovens meninas sempre foi vista como algo desnecessário, face à
sua condição de mulher. Assim, considero este objetivo duplamente conseguido,
por um lado, criando as condições necessárias para a minha filha crescer
através dos estudos e por outro, o conhecimento por mim adquirido através da
leitura desta magnífica e esclarecedora obra. E ainda porque que a leitura das Novas
Cartas Portuguesas, foi acompanhada pela leitura de outra excelente obra
literária, de autoria da extraordinária Agustina Bessa-Luis. Mas acerca dessa
leitura, as reflexões ficarão para outra nota...
Julgo que desta
maneira ficou bem expressa a minha recomendação para a leitura de Novas
Cartas Portuguesas.
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