sexta-feira, 13 de maio de 2016

Livro: Orgulho e Preconceito, Jane Austen, Relógio D’Água.

Consegui terminar a leitura deste romance a tempo de o levar à minha filha que estuda em Lisboa, viajo amanhã de manhã e levo na bagagem um belo livro, ela tinha manifestado a vontade de o ler após ter assistido ao filme, cujo argumento foi construído sobre esta obra de Jane Austen, eu não vi o filme, por esse motivo não posso opinar sobre o seu conteúdo, nem tentar compará-lo.
Sobre o romance, sim, posso emitir a minha singela opinião. Começo pelo prefácio de autoria de Virgina Woolf, uma pequena pérola literária. Só li ainda um romance de V. Woolf (Rumo ao Farol), mas, fiquei fã. Gosto da maneira de escrever destas mulheres…
Quanto ao romance propriamente dito, foi o meu primeiro título da escritora. Gostei da sua forma inteligente de escrever, de desenvolver as personagens, da sua densidade psicológica. Surpreendeu-me a ironia, a sátira, que emprestou a toda a narrativa.
Um romance que se inicia com a frase “É uma verdade universalmente reconhecida que um homem rico e solteiro precisa de uma esposa”, deixa antever o que aí vem, e não desilude.
Em tempos que já lá vão, tempos vitorianos, a vida da mulher resumia-se a ser educada para casar bem, mas tal só poderia acontecer se esta mantivesse a sua virtude (vulgo virgindade), melhor partido seria se fosse acompanhada por um generoso dote.

Por muito desventurado que o acontecimento seja para Lydia, podemos extrair dele uma boa lição: que a perda da virtude, numa mulher, é irreparável, que um único passo em falso basta para ocasionar desgraças sem fim; que a reputação é tão frágil como a beleza; e que, numa mulher, todos os cuidados são poucos no seu trato com os homens, sobretudo os indignos de confiança.

Numa sociedade onde existia uma fortíssima estratificação social, esta forma de considerar a mulher como uma mercadoria que tem que se mantida em “bom estado”, se ela e a sua família quiserem ver o seu futuro acautelado, provoca náuseas, nos tempos de hoje.
Orgulho e Preconceito é um romance fabuloso e recomendo vivamente a sua leitura.
Quanto a mim, voltarei à descoberta de Jane Austen, tão breve quanto me for possível…



quarta-feira, 11 de maio de 2016

domingo, 8 de maio de 2016

Agustina Bessa-Luís in Contemplação Carinhosa das Angústias, Guimarães Editores, SA.

“Há pessoas com as quais partilhamos a vocação; essa é a maior aliança que há. Sem trocarmos muitas palavras, sem o pretexto dos pensamentos para criarmos laços de família, o parentesco está lá.”


sábado, 7 de maio de 2016

Maria Teresa Horta in Perecível, Meninas, D. Quixote, 2014.

“Desculpa se não te falei do que devia explicar-te, a minha impossibilidade e fechamento da alma. Mas, para dizer-te o quê? Se eu mesma nada percebo desta incapacidade de me aproximar das pessoas, a deixar-lhes ver aquilo que foi, num dia qualquer do passado, trancado em mim pelo lado de dentro e tão de repente que não encontro nenhuma réstia de claridade nesse lugar da infância.
Afinal, o que se pode dizer da profunda dor, do desconcerto da descosura que provoca cada fissura da alma?”