Ontem
à noite após chegarmos do SCAT e ainda embalada pelo som da música produzida e
interpretada pelo extraordinário pianista Mário Laginha, acompanhado pelo não
menos fabuloso contrabaixista Bernardo Moreira e do sensacional baterista
Alexandre Frazão, propus aliás, que viessem tocar ao Funchal uma vez por mês.
Mas, como ia dizendo, ainda ao som da música de Chopin, terminei a leitura de Um
Murmúrio da Tempestade de Doris Lessing. Uma escritora que li pela
primeira vez e que recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 2007.
Foi
uma leitura cheia de equívocos e estranhezas, começou pelo equívoco que tinha
relativamente à escritora, pensava que era sul-africana, afinal e de acordo com
o que pude apurar, Doris Lessing, filha de pais britânicos, nasceu em 1919, na
antiga Pérsia (atual Irão) e com seis anos, foi viver com os pais para a
Rodésia do Sul (atual Zimbabwe), onde estes, se estabeleceram como
agricultores.
A
narrativa desenvolve-se na Rodésia do Sul durante o período temporal da 2ª
Guerra Mundial, naquele tempo a Rodésia não existia como país independente, era
uma colónia britânica, a Zambézia do Sul. Uma colónia onde imperava a
segregação racial: de um lado os colonos brancos, os africânderes, uma minoria,
do outro lado os africanos, os cafres, a maioria.
O
tema surpreendeu-me porque versava sobre a tentativa de implantação de um
partido comunista num território colonial africano, paralelamente ou
imbricadamente à história, surge a luta pela emancipação feminina,
protagonizada pela personagem principal: Martha Quest.
A
circunstância da ação decorrer num tempo em que na Europa, se digladiavam os
exércitos aliados, incluindo o soviético, contra o exército alemão e em que a
sociedade colonial britânica se encontrava socialmente atrasada e repressiva
contra as mulheres e sobretudo, contra os africanos, torna mais relevante e
curiosa a narrativa que Doris construiu de uma forma densa e muito pessoal.
Não
posso deixar de referir que só após a minha procura de mais informação acerca
da escritora, pude apurar que esta obra possui um carácter autobiográfico muito
acentuado, o que torna a leitura mais interessante ainda…
Só
me resta recomendar a leitura desta obra, com a certeza de que voltarei um dia
ao convívio de Doris Lessing.
Sem comentários:
Enviar um comentário