sábado, 12 de dezembro de 2015

Livro: Um Murmúrio da Tempestade, Doris Lessing, Livros do Brasil, 1985.

Ontem à noite após chegarmos do SCAT e ainda embalada pelo som da música produzida e interpretada pelo extraordinário pianista Mário Laginha, acompanhado pelo não menos fabuloso contrabaixista Bernardo Moreira e do sensacional baterista Alexandre Frazão, propus aliás, que viessem tocar ao Funchal uma vez por mês. Mas, como ia dizendo, ainda ao som da música de Chopin, terminei a leitura de Um Murmúrio da Tempestade de Doris Lessing. Uma escritora que li pela primeira vez e que recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 2007.
Foi uma leitura cheia de equívocos e estranhezas, começou pelo equívoco que tinha relativamente à escritora, pensava que era sul-africana, afinal e de acordo com o que pude apurar, Doris Lessing, filha de pais britânicos, nasceu em 1919, na antiga Pérsia (atual Irão) e com seis anos, foi viver com os pais para a Rodésia do Sul (atual Zimbabwe), onde estes, se estabeleceram como agricultores.
A narrativa desenvolve-se na Rodésia do Sul durante o período temporal da 2ª Guerra Mundial, naquele tempo a Rodésia não existia como país independente, era uma colónia britânica, a Zambézia do Sul. Uma colónia onde imperava a segregação racial: de um lado os colonos brancos, os africânderes, uma minoria, do outro lado os africanos, os cafres, a maioria.
O tema surpreendeu-me porque versava sobre a tentativa de implantação de um partido comunista num território colonial africano, paralelamente ou imbricadamente à história, surge a luta pela emancipação feminina, protagonizada pela personagem principal: Martha Quest.
A circunstância da ação decorrer num tempo em que na Europa, se digladiavam os exércitos aliados, incluindo o soviético, contra o exército alemão e em que a sociedade colonial britânica se encontrava socialmente atrasada e repressiva contra as mulheres e sobretudo, contra os africanos, torna mais relevante e curiosa a narrativa que Doris construiu de uma forma densa e muito pessoal.
Não posso deixar de referir que só após a minha procura de mais informação acerca da escritora, pude apurar que esta obra possui um carácter autobiográfico muito acentuado, o que torna a leitura mais interessante ainda…

Só me resta recomendar a leitura desta obra, com a certeza de que voltarei um dia ao convívio de Doris Lessing.





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