“- A minha avó, que viveu há séculos e escrevia poemas, vinha até aqui onde
estamos a assistir ao embarque e desembarque dos reis - contava minha mãe como
se inventasse. E eu quedava-me a imaginar essa avó descoberta a partir de uma
gravura que encontrara num livro encadernado, há muito esquecido sobre a mesa
baixa da nossa sala de estar. Olhar inteligente e arguto num rosto belo de
traços delicados, os lábios de veludo toldados pelo ligeiríssimo sorriso. Era
deste modo que a reprodução em papel brilhante nos mostrava Leonor de Almeida.
Olhar determinado de luz, iludindo-se.”
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