“Não
tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém num sentido, um alto
sentimento patriótico. Minha patria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que
invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente.
Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve
mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não que escreve com orthographia
simplificada, mas a página mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada,
como gente em quem se bata, a orthographia sem ípsilon, como o escarro directo
que me enoja independentemente de quem o cuspisse.
Sim,
porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a
gaia da transliteração greco-romana vestem-a do seu vero manto régio, pelo qual
é senhora e rainha.”
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