sábado, 5 de dezembro de 2015

Maria Teresa Horta in Meninas - Abismo, D. Quixote, 2014.

“E nem estremece quando em seguida a mãe lhe pega por baixo dos braços e a ergue, leve como um pássaro de ossos miudinhos, sentindo-se tão espantada que nem dá conta de ser levada até à janela de onde jorra a luz intensa, as duas alumbradas, cegas desse extremo luzimento, tropeçando no que desconhecem uma da outra: a loucura e o afecto. Mais inimiga do que mãe, quando sem compaixão pendura a filha do lado de fora do parapeito de mármore, escaldante àquela hora da tarde, enquanto a casa se entorpece de silêncio.”


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