“A
menina que ia de lado, os lábios junto da barriga da mãe, bebia-lhe o cheiro a
rosas selvagens que lhe chegava coado pela seda escarlate do vestido liso, a
ondear ao longo das coxas altas, perto dos seus lábios ávidos e humedecidos,
enrugando odores anisados que lhe enchiam a boca de saliva. E foi quando, ao
virar a cabeça de cabelos encaracolados cor de fogo, de onde iam caindo um após
outro os laços de um amarelo-pálido, rosto afogueado no desejo de erguer-se na
direcção da luz, encontrou
abaixo do ombro da mãe, e sob o pulso que a estreitava nervoso e fabril, a
delineada doçura dos seios delicados e, mais acima, desviados numa inquietude
esquiva, os
olhos lápis-lazúli ponteados de estrelas que
ela sempre ia inventando em translúcidos simulacros de realidade.”
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