“Eis
que, então, com todas as luzes apagadas, a Lua declinou, e uma chuva fina,
fazendo tamborilar no telhado um aguaceiro de imensa escuridão, principiou.
Nada, dir-se-ia, seria capaz de sobreviver à enxurrada, à profusão da treva
que, insinuando-se pelas fendas e pelas fechaduras, silenciosamente alcançava
os quartos, penetrava neles, engolia aqui um jarro e uma bacia, além uma taça
de dálias vermelhas e amarelas, acolá a aresta colante e o vulto firme de uma
cómoda. E não era apenas a mobília que se confundia; havia muito pouco de corpo
ou de espírito que, por si só, consentisse que se dissesse «Isto é ele» ou
«Isto é ela». Por vezes, uma mão se erguia, como que para prender ou desviar
qualquer coisa, ou alguém roncava, ou ria alto, como que partilhando um gracejo
com o vácuo.”
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