Continuando na senda de cumprir um
plano de leituras no feminino - exceptuando o Livro do Desassossego do
heterónimo Bernardo Soares -, terminei a leitura de Um Bom Homem é Difícil de Encontrar, da escritora norte-americana
Flannery O’Connor. Natural do estado da Geórgia, localizado no Sul dos USA, ali
nasceu em 1925, tendo vindo a morrer cedo, aos 39 anos, de acordo com a sua
biografia, O´Connor, era uma católica devota.
O livro é composto por 10 contos.
Contos que espelham bem a realidade social da América sulista, nas suas
vertentes, racista e rural. Contam histórias bizarras e grotescas, de
verdadeiro humor negro.
Quando iniciei a leitura do primeiro
conto, cujo título dá o nome ao livro, o meu pensamento começava a construir
uma imagem bastante agradável, quer pela forma magistral de escrever da autora,
quer pelo enredo que ora se desenrolava, de repente, sofri um baque, afinal a
linha condutora da história seguia por um caminho completamente inesperado, o
tal humor negro de que falara há pouco. O final do conto é realisticamente
cruel. E são assim, quase todas as restantes narrativas.
O último conto, O Refugiado, é
aquele que melhor retrata a sociedade rural do Sul dos USA, a relação entre os brancos, os pretos e os refugiados da
Segunda Guerra Mundial, que procuraram refúgio nos USA, vindo trabalhar para as
grandes quintas no Sul do imenso e rico país.
Um livro perturbador, com uma prosa
encantadora…