sábado, 5 de março de 2016

Virginia Woolf in II – O Tempo Passa, Rumo ao Farol, Relógio D’Água, 2008.

“Mas, afinal, o que era uma noite? Um curto espaço, em especial quando a escuridão desce tão cedo, e tão cedo, e tão cedo um pássaro canta, um galo grita, ou um certo verde-pálido se agita, como folha voltada no côncavo da onda. A noite, porém, segue-se à noite. O Inverno guarda uma provisão de noites, reparte-as equitativamente, igualmente, com dedos infatigáveis. Prolongam-se; escurecem. Algumas sustentam no alto claros planetas, placas de brilho. As árvores de Outono, destroçadas que estão, assumem o fulgor das bandeiras esfarrapadas, que acenam n treva das frias caves das catedrais, onde letras de oiro em páginas de mármore descrevem a morte em combate, esses ossos que embranquecem e ardem ao longe nas areias da Índia. As árvores de Outono cintilam ao luar amarelo, à luz do plenilúnio do equinócio, luz que esbate a energia do trabalho, e suaviza o restolho, a à praia traz o enrolado azul da onda.”


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