“
A palavra (saudade) é hoje tão sinónimo de Portugal como o galo de Barcelos.
Mas pode continuar a ser servida a turistas ávidos de diferença na mesmidade
cada vez maior do mundo moderno. O que não deverá nunca impedir-nos de examinar
o termo à lupa e de procurarmos compreendê-lo.”
“Quer
dizer: são as culturas que criam os termos, os mantêm e desenvolvem, vá lá
alguém saber exatamente porquê. Todavia, não é a língua portuguesa que é mais
saudosa que as outras, mas os portuguesas que, por qualquer razão, insistem
mais nesse sentimento. E porque concentraram as diversas facetas dele num só
vocábulo, ele ganhou mais força por repetido uso, adquirindo pelo menos desde o
rei D. Duarte um estatuto especial. Entretanto, ao uso sobreveio o abuso, a
ponto de Fernando Pessoa chegar a falar de “a saudade do que nunca houve”.
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