quinta-feira, 10 de março de 2016

Jorge Vaz de Carvalho in Umberto Eco (1932-2016), Uma obra aberta à inteligência, JL nº 1185 de 2016-03-02.

“ A partir do exemplo de Eco, pensador da comunicação humana, ocorre-me também que, quanto mais velozes são os processos de comunicativos e de informação, mais necessária é a demora para refletir criticamente; quanto mais diferenciadas se façam as formas de circulação das ideias, mais importa pensá-las lucidamente; quanto mais se democratizem as educações, mais se exige nivelá-las por baixo, mas, ao contrário, por padrões superiores de exigência. Por censura e repressão de um regime totalitário ou, pior (devido à sua superior responsabilidade moral), pela futilidade e incúria de uma democracia, há a tentação de deprimir o estatuto do intelectual, ou, com a mesma hostilidade à cultura, adulterá-lo fabricando sucedâneos viciados, conferindo-o a todos os tipos de entretenidores públicos. Como os anciãos sábios, Eco é um intelectual cuja palavra culta se tornou imprescindível para guardarmos uma memória social da tribo e vivermos múltiplas vidas e diversos tempos que de outro modo nos seriam negados.”



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