“
A partir do exemplo de Eco, pensador da comunicação humana, ocorre-me também
que, quanto mais velozes são os processos de comunicativos e de informação,
mais necessária é a demora para refletir criticamente; quanto mais
diferenciadas se façam as formas de circulação das ideias, mais importa
pensá-las lucidamente; quanto mais se democratizem as educações, mais se exige
nivelá-las por baixo, mas, ao contrário, por padrões superiores de exigência.
Por censura e repressão de um regime totalitário ou, pior (devido à sua
superior responsabilidade moral), pela futilidade e incúria de uma democracia,
há a tentação de deprimir o estatuto do intelectual, ou, com a mesma
hostilidade à cultura, adulterá-lo fabricando sucedâneos viciados, conferindo-o
a todos os tipos de entretenidores públicos. Como os anciãos sábios, Eco é um
intelectual cuja palavra culta se tornou imprescindível para guardarmos uma
memória social da tribo e vivermos múltiplas vidas e diversos tempos que de
outro modo nos seriam negados.”
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