“Distraída
consigo mesma, a minha mãe continuava fechada no quarto, onde a fui encontrar
sentada diante do espelho do pequeno e delicado toucador de cânhamo que
comprara mal chegara à ilha.
Pintava
a boca com vagares de demora, primeiro contornando, delineando, e depois
cobrindo os lábios com o bâton muito vermelho, a contrastar com a palidez do
seu rosto ávido e com o louro das sobrancelhas do tom exacto dos cabelos
ondeados a tombarem-lhe nos ombros cobertos pelo cetim azul-lilás do vestido
cingido, segundo me lembro até hoje, folheando a memória, ou nos ombros
cobertos pela seda cinzento-pérola do mesmo vestido cingido, tal como a dá a
ver, desmentindo-me, uma fotografia que ainda hoje guardo.”
Sem comentários:
Enviar um comentário