segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Maria Teresa Horta in Desobediência, Meninas, D. Quixote, 2014.

“ Então, para seu grande espanto e perplexidade, de pura raiva desobediente, comecei a trepar pela parede como um pequeno animal perseguido, a marinhar com determinação, a fim de chegar ao tecto, ao cimo, ao topo, como se subisse a encosta íngreme de uma montanha,
pequena alpinista ousada.
Primeiro uma mão e depois a outra, pernas finas e longas abertas em leque, a fugir aos dedos que ela deveria estar a estender para me arrebatar na fuga, a fim de me colocar de volta ao soalho.
Menina perecível que eu era, como uma borboleta – sentia-me
um anjo,
como me chamava a avó, que escutava vozes, via pessoas mortas e contactava com galáxias longínquas, como a Andrómeda.”


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