Terminei
a leitura deste número da revista LER,
uma edição muito simpática e interessante. Os artigos de que mais gostei foram
a entrevista que Francisco José Viegas, o Diretor, fez a Pedro Mexia:
«Houve um momento em que achei que a ideia
poética do mundo era objetivamente falsa. E, portanto, desinteressei-me.
Quatro anos depois da publicação da sua
«poesia escondida», Pedro Mexia regressa ao verso com Uma Vez Que Tudo se perdeu, a publicar este Outono na companhia
de Biblioteca (Tinta-da-china), reunião de crónicas e críticas de livros. E
não, não falámos de televisão.”
O
texto de Hugo Pinto Santos, cujo tema foi dedicado a Camilo Castelo Branco:
“Camilo, 125 anos depois da sua morte.
125 anos depois da sua
morte (uma bala na cabeça), Camilo é cada vez menos lido. E, no entanto, a sua
obra respira uma modernidade que surpreende leitores que só agora abrem as páginas
dos seus livros. Como escreve Hélia Correia, «Byron resplandece, Camilo sofre.
Sofre sinceramente e isso vê-se tanto nas queixas como no sarcasmo. É um
pequeno português conservador, truculento, neurótico, agressivo. É um
extraordinário português.”
E
o poema do trimestre:
“A FADIGA
Nada me prende à vida
e se vivo,
só vivo de fadiga e se
forçado
sou a continuar a
fadigar-me
como sucede agora, e me
nutro
de desgostos veementes
e absurdos
nestes climas atrozes,
a existência
receio abreviar
Outrora está tão perto
que está longe:
que diferença fazem as
idades, que muralha
as separa?
nada posso dizer: o que
perdi
esqueci porque as
palavras
não formam já o mundo
nem o mundo
forma já as palavras;
para poder beber
destilo o mar”
Gastão
Cruz
[Óxido,
Assírio & Alvim, 2015]
Recomendo
assim, a leitura da edição de Outono da LER…
Sem comentários:
Enviar um comentário