sábado, 24 de outubro de 2015

Livro: Revista LER, nº 139, Fundação Circulo de Leitores, Outono 2015.

Terminei a leitura deste número da revista LER, uma edição muito simpática e interessante. Os artigos de que mais gostei foram a entrevista que Francisco José Viegas, o Diretor, fez a Pedro Mexia:

«Houve um momento em que achei que a ideia poética do mundo era objetivamente falsa. E, portanto, desinteressei-me.
Quatro anos depois da publicação da sua «poesia escondida», Pedro Mexia regressa ao verso com Uma Vez Que Tudo se perdeu, a publicar este Outono na companhia de Biblioteca (Tinta-da-china), reunião de crónicas e críticas de livros. E não, não falámos de televisão.”

O texto de Hugo Pinto Santos, cujo tema foi dedicado a Camilo Castelo Branco:

Camilo, 125 anos depois da sua morte.
125 anos depois da sua morte (uma bala na cabeça), Camilo é cada vez menos lido. E, no entanto, a sua obra respira uma modernidade que surpreende leitores que só agora abrem as páginas dos seus livros. Como escreve Hélia Correia, «Byron resplandece, Camilo sofre. Sofre sinceramente e isso vê-se tanto nas queixas como no sarcasmo. É um pequeno português conservador, truculento, neurótico, agressivo. É um extraordinário português.”

E o poema do trimestre:

A FADIGA

Nada me prende à vida
e se vivo,
só vivo de fadiga e se forçado
sou a continuar a fadigar-me
como sucede agora, e me nutro
de desgostos veementes e absurdos
nestes climas atrozes, a existência
receio abreviar

Outrora está tão perto que está longe:
que diferença fazem as idades, que muralha
as separa?
nada posso dizer: o que perdi
esqueci porque as palavras
não formam já o mundo nem o mundo
forma já as palavras;
para poder beber destilo o mar”

Gastão Cruz
[Óxido, Assírio & Alvim, 2015]


Recomendo assim, a leitura da edição de Outono da LER… 



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