sábado, 17 de outubro de 2015

José Carlos Vasconcelos in Editorial, JL nº 1175 de 2015-10-14.

“O ensino da literatura portuguesa no Brasil

(…) no Brasil começou-se já a assinalar e “comemorar”os cem anos de Cleonice Berardinelli. Essa excepcional figura de professora, mulher de cultura, especialista de literatura portuguesa, em particular Camões e Fernando Pessoa, símbolo de brasileira lusófila a que o nosso país tanto deve, só atinge o centenário a 16 de Agosto do próximo ano. Mas assim o quiseram, muito bem, os seus inúmeros amigos, admiradores e discípulos (só na Academia Brasileira de Letras tem cinco ex-alunos). Desta forma, há todo um ano para sublinhar as várias vertentes da importância da sua obra e do seu exemplo.  
(…) Agora podem deixar de ter, e decerto terão, expressão em Portugal. Agora quero apenas destacar como ela contribuiu como ninguém para o ensino da, e o interesse pela, literatura portuguesa no Brasil, para a formação de tantos e tantos dos seus professores, que já formaram outros professores, a estes formaram outros ainda… Aliás, a prof.ª Cleonice continua a dar “aulas” de vária espécie e até não há muito algumas mesmo “formais”, dentro ou fora da Universidade…
Vem isto a propósito da homenagem que se consubstancia, como ali é noticiado, em ser-lhe dedicado o congresso da Cátedra Jorge de Sena, com o título “Há 100 anos Orpheu canta para Cleonice”. Ora, não me recordo de ver em Portugal nenhum congresso, ou similar, mormente em qualquer universidade, em que tantos escritores portugueses e suas obras tenham sido objeto de intervenções – de estudo, análise, debate. O que vai ser esse congresso é impressionante e mostra a amplitude, a pujança, com que a literatura portuguesa continua, apesar de tudo, a ser ensinada no Brasil, sobretudo em universidades de todo esse imenso país/continente.
Tentando não falhar nenhum, vejamos então sobre que autores portugueses há intervenções específicas, várias sobre eles alguns deles, em especial Eça e Pessoa. Seguindo a ordem das várias mesas, e das comunicações que as integram, temos: Luís de Camões, Fernando Pessoa, Almeida Garrett, Eça de Queirós, Jaime Batalha Reis, Camilo Castelo Branco, Bernadim Ribeiro, Gil Vicente, Fernão Lopes, Manuel Alegre, Gastão Cruz, Sophia de Mello Breyner, Carlos Oliveira, Jorge de Sena, Ruy Belo, Herberto Hélder, Fernando Namora, José Cardoso Pires, António Lobo Antunes, Virgílio Ferreira, David Mourão-Ferreira, Mário Cláudio, António (“o excluído de Orpheu”), Almada Negreiros, Almeida Faria, José Saramago, Helder Macedo, Gonçalo M. Tavares, Cesário Verde, Camilo Pessanha, Raul Brandão, António Nobre, Agustina Bessa-Luís, Maria Gabriela Llansol, Mário de Sá-Carneiro, André Falcão de Resende, Isto, claro, fora muitos outros escritores a propósito destes, ou em intervenções de caráter geral, naturalmente referidos. Será preciso acrescentar alguma coisa? ... “


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