“Surpresa,
sinto chegar a dor: seta afiada, ácida, laminada, a lacerar-me as articulações
dos braços, idênticos a delgados juncos, enroscados em torno do lugar onde
fantasio situar-se a curvatura das tuas ancas. Iço-me, relutante, pois deixei
de escutar-te os gemidos, não obstante continuar a saborear-te o áspero sal das
lágrimas, que me enchem a boca com o sabor ázimo da vertigem. Por segundos
aquieto-me interdita, até julgar reconhecer ao longe o azul transparente do
cintilante cristal dos teus olhos. E apesar das sombras, retrocedo no sentido
inverso daquele para onde, sem dar por isso, começo a ser empurrada, mansa na
tentativa de ganhar alento.”
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