“Não
há crise de pensamento. Há muitos bons livros, como muito bom cinema. O
problema é que hoje ainda não temos capacidade de avaliar tanta produção
intelectual que todos os anos vem a lume. Milhares e milhares de livros são
editados anualmente em toda a Europa. O que está a mudar na verdade é o lugar
dos intelectuais e o papel do pensamento na nossa sociedade. As ideologias não
estão propriamente mortas, mas já não entusiasmam tanto. A grande ideologia de
hoje é a ecologia, mas a ecologia não anima, cria pânico, pois diz-nos que
caminhamos para o desastre… É uma ideologia de sobrevivência terrena. Os jovens
preferem a música aos livros, as imagens ao puro pensamento! É a vitória do ecrã
sobre o escrito, sobre os livros…O homem de hoje está mais atraído pelas coisas
que mudam depressa, pelas novidades. Continua a haver curiosidade mas rápida. O
homem de hoje em geral não vive para o pensamento, mas vive mais para consumir
o pensamento produzido. Mas isto não é um drama absoluto. Há ainda e haverá
grandes pensadores. Afirmava Friedrick Nietzsche que o grande pensamento é
forçosamente aristocrático, é produzido por uma pequena elite. Não há génios
por todo o lado. Há poucos. Serão sempre uma minoria. A produção de pensamento
novo, mesmo as grandes invenções científicas, é obra de poucos. O pensamento
profundo é difícil e abstrato, é moroso…”
Sem comentários:
Enviar um comentário