“É
próprio de todos os grandes escritores admirarem alguns dos seus pares e amarem
outros: admirar não é o mesmo que amar. Pessoa admirava Milton e amava Dickens.
Flaubert admirava Zola, mas amava Hugo. Régio admirava Eça e Pessoa, mas amava
Camilo e Sá-Carneiro. Há aqueles com quem sentimos afinidades e aqueles em quem
admiramos qualidades que não temos nem nos interessa particularmente ter.
Régio
admirou, estudou e ajudou a promover os argonautas do chamado “primeiro
modernismo” (Sá-Carneiro, Pessoa e Almada), mas não se reviu em todos, por
igual. Consultando os textos – atividade exótica mas indispensável – torna-se
óbvio que preferiu Sá-Carneiro a Pessoa – no primeiro, reconhecia verdadeiro génio,
no segundo, via apenas elevadíssimo talento.”
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