"Lançou recentemente uma recolha do seu trabalho, Eu Sou a Minha
Poesia, na qual reúne poemas desde 1960 até 2018. Como vê o passar de
todos estes anos?
Eu Sou a Minha Poesia é como uma viagem
interior maravilhosa pois eu não seria eu se não fosse isto tudo. Não
digo que foi muito difícil, porque tudo o que aconteceu, a censura e más
interpretações, bem como os silêncios terríveis que houve à minha volta
depois de Minha Senhora de Mim até ao romance As Luzes de Leono, foi um
anátema, porque uma mulher não escrevia
assim. Nada disto tem que ver com os meus colegas, homens ou mulheres,
porque o seu grande apoio foi de uma generosidade espantosa. Hoje é que
há esta coisa terrível de "este bocadinho é meu e se aquele sair eu fico
um pouco maior". Isso não existia: o José Gomes Ferreira, o Carlos de
Oliveira, o David Mourão-Ferreira, eram de uma grande generosidade."
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