quarta-feira, 12 de junho de 2019

Livro: A Hora da Estrela, Clarice Lispector, Relógio D´Água, 2002.



Ao som da 2ª Sinfonia de Sibelius, conduzida pelo maestro Hannu Lintu, desconheço que orquestra, concluí a leitura de um “pequeno” conto, não mais de 93 páginas, de Clarice Lispector (1920-1977), uma escritora e jornalista nascida ucraniana e naturalizada brasileira.

O final da peça musical “casou” magistralmente com o terminus do conto, a personagem principal Macabéa morre atropelada por um automóvel de luxo, uma alagoana, nordestina, pobre muito pobre, que não se sabia e sentia existir.

Conhecia Clarice Lispector há muito, a sua vida trágica, a sua obra, mas, demorei a descobrir a sua escrita, o seu jeito de entrar nas personagens.

Ainda antes do conto, já Clarice escreveu: “… enfim que é que se há-de fazer senão meditar para cair naquele vazio pleno que só se atinge com a meditação. Meditar não precisa de ter resultados: a meditação pode ter como fim apenas ela mesma. Eu medito sem palavras e sobre o nada. O que me atrapalha a vida é o nada.

Gostei de ler: “Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho.” ou “Pensar é um acto. Sentir é um facto”.

Para concluir: “Que sei eu. Se há veracidade nela – e é claro que a história é verdadeira embora inventada – que cada um a reconheça em si mesmo porque todos nós somos um e quem não tem pobreza de dinheiro tem pobreza de espirito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro – existe a quem falte o delicado essencial.”

Que leitura magnifica, meus amigos!

De Clarice Lispector aguarda-me mais um volume de contos, não demorarei muito a regressar a ela, quanto a Vós, meus amigos, recomendo vivamente a sua leitura…


1 comentário:

  1. A música das palavras associada com a música das partituras só podia dar um bom resultado...

    ResponderEliminar