Ao som da 2ª
Sinfonia de Sibelius, conduzida pelo maestro Hannu Lintu, desconheço que
orquestra, concluí a leitura de um “pequeno” conto, não mais de 93 páginas, de
Clarice Lispector (1920-1977), uma escritora e jornalista nascida ucraniana e
naturalizada brasileira.
O final da peça
musical “casou” magistralmente com o terminus
do conto, a personagem principal Macabéa morre atropelada por um automóvel de
luxo, uma alagoana, nordestina, pobre muito pobre, que não se sabia e sentia
existir.
Conhecia
Clarice Lispector há muito, a sua vida trágica, a sua obra, mas, demorei a
descobrir a sua escrita, o seu jeito de entrar nas personagens.
Ainda antes do
conto, já Clarice escreveu: “… enfim que
é que se há-de fazer senão meditar para cair naquele vazio pleno que só se
atinge com a meditação. Meditar não precisa de ter resultados: a meditação pode
ter como fim apenas ela mesma. Eu medito sem palavras e sobre o nada. O que me
atrapalha a vida é o nada.”
Gostei de ler: “Que ninguém se engane, só consigo a
simplicidade através de muito trabalho.” ou “Pensar é um acto. Sentir é um facto”.
Para concluir: “Que sei eu. Se há veracidade nela – e é
claro que a história é verdadeira embora inventada – que cada um a reconheça em
si mesmo porque todos nós somos um e quem não tem pobreza de dinheiro tem
pobreza de espirito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro –
existe a quem falte o delicado essencial.”
Que leitura
magnifica, meus amigos!
De Clarice
Lispector aguarda-me mais um volume de contos, não demorarei muito a regressar
a ela, quanto a Vós, meus amigos, recomendo vivamente a sua leitura…
A música das palavras associada com a música das partituras só podia dar um bom resultado...
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