quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Livro: Ema, Maria Teresa Horta, D. Quixote, 2017.


Conclui esta manhã bem cedo a leitura deste pequeno e inquietante romance.

Os romances de Maria Teresa são assim, plenos de emoções contraditórias, ora somos invadidos por uma angústia e um desespero pelas suas personagens tomadas pela dor, o nojo, a tristeza, o desespero e pela brutalidade, a violação, o cerceamento, que muitíssimas mulheres têm experimentado ao longo dos tempos ou para alegria de todas nós, suas devotadas e agradecidas leitoras, somos invadidas por momentos de puro êxtase erótico.

A mulher vagueia no universo repressivo da casa. Poderia ser a mesma onde a avó fora morta pelo avô, ou de onde a mãe saíra, louca, para o hospital psiquiátrico. Ema é o nome de todas elas. Como o da antepassada tomada pelo terror após ter parido uma menina, sem dar ao homem com quem casara um filho varão. É esse espaço de violência que vai alimentando o ódio na paixão que a última das Emas tem pelo marido. Um ódio crescente que a impele, implacável, para a violência, para o assassínio dele. Uma morte desfrutada, dir-se-ia gozada, por um olhar onde, apesar de tudo a paixão perdura…

Maria Teresa Horta escreve para todas as mulheres e todos aqueles homens que amam verdadeiramente as mulheres.

Eu falo das vozes que as bruxas e as santas ouviam. As histéricas. As loucas.”

São romances terríveis e ainda assim sublimes.

Recomendo vivamente que descubram a escrita e a mensagem de Maria Teresa Horta, a nossa querida poetisa.


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