Só se compreende, verdadeiramente, a necessidade
de ler os Clássicos depois de começarmos a folhear as páginas de alguns
romances de época.
A Cartuxa
de Parma, de Stendhal, foi escrita em 1830 e publicada em 1839 é um exemplo
perfeito do que referi, um romance que deveria ser lido por todos aqueles que
amam a literatura.
Esta edição possui uma introdução de Italo
Calvino, um presente, um texto que li antes, a meio e no final do romance
Apesar das origens francesas do autor, A Cartuxa de Parma, é considerado um
grande romance italiano porque expressa forma clara “…o sentido da política como acordo calculado e distribuição de papeis:
com o príncipe que, enquanto persegue os jacobinos se preocupa em puder
estabelecer com eles futuros equilíbrios que lhe permitirão colocar-se à frente
do iminente movimento de unidade nacional; com o conde Mosca, um oficial napoleónico,
que se torna ministro reacionário e chefe do partido ultra (mas disposto a
encorajar uma fação de ultra-extremistas com o objetivo de poder dar uma prova
de moderação demarcando-se deles) e tudo isso sem ser, de modo algum,
influenciado na sua essência interna.”.
A ação decorre entre os Grandes Lagos, Milão,
Parma, em toda a Lombardia e numa época de grande turbulência histórica.
Tal como escreve Calvino:
“…crónica histórica e crónica de sociedade,
aventura picaresca…”.
Um pequeno número de personagens densamente
caraterizadas, transportam-nos a um tempo de príncipes e princesas, duques e duquesas,
marqueses e marquesas, condes, cavaleiros, vigários e arcebispos.
Sinto-me feliz por terminar este ano na
companhia de tão extraordinário e desafiante romance, que o próximo ano me
traga novos e continuados prazeres literários, a mim e a todos Vós, meus amigos…
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