domingo, 2 de agosto de 2015

Guilherme D’Oliveira Martins in Sophia, Maria de Jesus e Alberto, JL nº 1169 de 2015-07-22

“Em «Carta aos Amigos Mortos», Sophia disse-nos tudo o que pode ser dito neste momento. Não só lembra quantos nos deixaram, mas também compreende a força libertadora da poesia.

“Eis que morreste - agora já não bate
O vosso coração cujo bater
Dava ritmo e esperança a meu viver
Agora estais perdidos para mim
- O olhar não atravessa esta distância –
Nem irei procurar-vos pois não sou
Orpheu tendo escolhido para mim
Estar presente onde estou viva
Eu vos desejo a paz nesse caminho
Fora do mundo que respiro e vejo…”
(livro sexto, 1962)

Quando nos deixa alguém próximo, como agora aconteceu, não há palavras. Mas tudo estava dito, quando ouvimos:

“E eu vos peço por este amor cortado
Que vos lembrai de mim lá onde o amor
Já não pode morrer nem ser quebrado
Que o vosso coração já não bate
O tempo denso de sangue e saudade
Mas vive a perfeição da claridade
Se compadeça de mim e do meu pranto
Se compadeça de mim e do meu canto”

A escolha foi premonitória. Esse diálogo com Sophia significa o encontro do espírito, da lembrança e da liberdade.”


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