Ultimamente, tenho lido livros pouco volumosos e com imenso conteúdo. Tem sido um regalo, se assim posso expressar-me, não, obviamente, por serem “magros” em termos de quantidade de folhas, mas porque tenho aprendido muito e sentido um grande prazer na sua leitura.
Desta vez, refiro-me a A Morte de Ivan Iliitch, de Lev Tolstoi (1828-1910), não chegam a 100 páginas de puro deleite, a abordagem de um tema que acompanha o homem: a doença, o sofrimento, a dor, a morte.
Qual o significado da nossa vida, porque temos que sofrer para chegar à morte, quem cuidará de nós quando disso necessitarmos?
São muitas as perguntas, poucas as respostas.
O posfácio é de Vladimir Nabokov, muito bom.
“Como a doença avançava passo a passo, impercetivelmente, era impossível dizer ao certo por que razão, ao terceiro mês da doença, a mulher, a filha o filho, a criadagem, os amigos e conhecidos, os doutores e, sobretudo, ele próprio, já todos sabiam que o único interesse por Ivan Iliitch era conhecer a altura em que, finalmente, ele largaria o seu lugar e libertaria os vivos do incómodo causado pela sua doença, e se libertaria a si próprio dos seus sofrimentos.”
“O sofrimento principal de Ivan Iliitch residia na mentira – a mentira, por todos reconhecida, de que ele estava apenas doente e não moribundo, de que lhe bastava ficar calmo e tratar-se para que o resultado fosse uma coisa muito boa.”
“Esta mentira, incidindo nele em vésperas da sua morte, uma mentira destinada a rebaixar o acto solene e terrível da sua morte até ao nível das visitas, dos cortinados e dos esturjões do almoço de família… era muito dolorosa para Ivan Iliitch.”
Finalmente:
“Todos havemos de morrer. Porque não haveria de o servir? – disse ele, [Guerássim] exprimindo a ideia de que não se incomodava com o seu trabalho porque o cumpria para um homem moribundo e de que, quando chegasse a sua hora, esperava que houvesse também alguém que se encarregasse desse trabalho para com ele.”
Obrigatório ler…
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