Concluí a
leitura desta preciosidade literária pela manhãzinha no aconchego dos lençóis e
escutando Coltrane, e que bem que soube.
Uma Abelha na
Chuva, de Carlos de Oliveira (1921-1981) é um pequeno (111 pág.) romance que há
muito pretendia ler, muito apreciado por quem gosta e estuda o neorrealismo português,
o título encontrava-se esgotado, em boa hora foi publicado na Coleção
Miniatura/Livros do Brasil da Porto Editora.
O protagonista “…vive
um casamento falhado e estéril, gerado pela conveniência de antigos interesses
familiares (…).”
“Num outono
chuvoso e lamacento, as vidas dos protagonistas de Uma Abelha na Chuva
afundam-se num ciclo trágico de mentiras, vinganças e amores frustrados, que
poe a nu a estrutura social de um Portugal pobre, desamparado, do século XX.
Lançada em 1953, esta é uma obra incontornável do neorrealismo português, que
marca o reconhecimento literário de Carlos de Oliveira, e em que 1971 deu
origem ao filme homónimo do realizador Fernando Lopes.”
«A abelha
foi apanhada pela chuva: vergastadas, impulsos, fios do aguaceiro a enredá-la,
golpes de vento a ferirem-lhe o voo. Deu com as asas em terra e uma bátega mais
forte espezinhou-a. Arrastou-se no saibro, debateu-se ainda, mas a voragem
acabou por levá-la com as folhas mortas.»
Concluo,
recomendando a leitura deste “pequeno” romance…
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