Ainda antes do ano findar, conclui o meu plano de
leituras no feminino com o términos do meu primeiro romance de Selma Lagerlof
(1858-1940), já vos havia falado desta escritora nobelizada (a 1ª mulher a
receber um Prémio Nobel de Literatura, em 1909, nunca é demais referir),
Cristina Carvalho, escreveu uma biografia romanceada sobre a mesma, da qual aqui vos
dei conta.
Este romance que li de uma assentada (209 pág.),
foi uma descoberta da escrita de S. Lagerlof, através dela tive um vislumbre da
sociedade e do modo de viver dos suecos no princípio do séc. XX, afinal também
uma sociedade desigual, classista e confirmei ainda o preconceito que existia
em relação aos finlandeses, seus vizinhos.
O Imperador de Portugal é um
romance comovente sobre o amor de um pai pela sua filha, até onde chega esse
amor, nem sempre compreendido e retribuído.
Também verifiquei o amor que a autora sente pela
natureza, pelo campo, onde sempre preferiu viver, são as descrições das
paisagens, das florestas, das montanhas, do lago, dos seres mágicos que fazem
parte das tradições do povo sueco.
Sentia uma enorme curiosidade em compreender o
porquê do título, o porquê da referência a Portugal, agora já sei:
“Esta é, com efeito, a história de um pobre
camponês da Suécia, que ficou tão perturbado com o facto de a filha ir para
Estocolmo para ganhar o seu dinheiro necessário à amortização de uma divida da família,
que acabou por enlouquecer. O homem passou então a dirigir-se quase diariamente
ao embarcadouro da terra para aí aguardar o regresso da filha. E um dia em que
os circunstantes fizeram algumas insinuações sobre os verdadeiros motivos da
ausência da menina, Jan declarou inesperadamente: «Quando a Imperatriz Clara de
Portugal chegar aqui ao embarcadouro, com uma coroa de oiro na cabeça… veremos
se te atreves a dizer-lhe na cara o que hoje me disseste a mim.»
O homem começou depois a passear-se pelas ruas da
aldeia, envergando umas longas vestes e com um boné verde na cabeça. Tinha-se
tornado Johannes de Portugal…”
O Imperador de Portugal é uma
obra maravilhosa e pungente que deve ser lida por todos nós, cidadãos deste tempo
e neste em particular, de família, de partilha, de amor uns pelos outros.
Para terminar, resta-me convidar-vos a descobrir e
a deixarem-se encantar com a escrita de Selma Lagerlof, até pró ano…
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