Luzia, pseudónimo de Luísa
Susana Grande de Freitas Lomelino, nasceu em Portalegre, a 15 de fevereiro
de 1875 e vem a morrer no Funchal, a 10 de dezembro de 1945.
Mulher culta e viajada, “Após um período
conturbado a seguir ao divórcio, depois de muito deambular pelo mundo, Luzia
publicou o seu primeiro livro, já com 45 anos, editando seguidamente mais oito
obras, até ao momento da sua morte. Foi uma leitora ávida e uma perpétua
viajante, tendo-se cruzado com as principais figuras literárias da época.”
O que mais apreciei e me surpreendeu, confesso,
foi que esta Mulher, de saúde frágil, proveniente de famílias abastadas, o que
naturalmente lhe permitiu o acesso a livros, eventos, tertúlias literárias e o convívio
com pessoas culturalmente relevantes por todos os lugares por onde passou,
nacionais e estrangeiros, não se resignou a desempenhar o papel de Mulher abastada
da sua época, não, ela viveu, observou, refletiu e escreveu sobre a sociedade
de então de uma forma critica e mordaz.
Como muito bem explica Cláudia Neves, esta obra “transborda
de exemplos mordazes que têm como alvo pessoas, costumes e protocolos sociais.
A escritora sentia uma tal aversão a esse mundo de pseudoliteratos,
intelectuais e novos ricos, que queria ser apenas considerada espectadora de
todas essas «comédias», abominando que a tentassem incluir nesse círculo”
(Neves, 2018, p. 210).
Ainda Cláudia Neves, “…esta obra, deixa-nos a
todos com um sorriso mordaz, e faz-nos refletir que, apesar de ser uma obra
escrita em 1920, está ainda tão atual, pois continuamos numa era de gente cheia
de ambição de ser notada, em que se mendigam relações distintas, onde não é a
cultura que interessa, mas sim o deslocar-se em bando aos mesmos teatros, ler
os mesmos livros, ver os mesmos filmes…” (Neves, 2018, p. 210), na mouche,
não acham?
De facto, “Depois de lermos a obra e
refletirmos nestes aspetos, percebemos que Luzia era de facto uma mulher muito
cosmopolita, de uma cultura incrível, e que gostava de demonstrar isso mesmo. Evidencia
que conhece os clássicos e refere-os, Shakespeare, Cervantes, Dumas, Verlaine,
Resseau, Mussete, entre outros.” (Neves, 2018, p.210).
Muito mais vos poderia contar sobre a fascinante
e movimentada vida de Luísa Susana Grande de Freitas Lomelino, Luzia, no
entanto, deixo-vos o convite à sua descoberta e leitura, espantem-se e deliciem-se
com a qualidade e atualidade da sua escrita…
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