quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
Livro: Manhã Submersa, Vergílio Ferreira, Quetzal, 2011.
Há romances que sabem tão bem ler, Manhã
Submersa é um deles. Tinha em mente ler este título de Vergílio Ferreira há
muito tempo e sua leitura surpreendeu-me pela positiva, conhecia o tema, mas
julguei-o mal. É bom enganarmo-nos de vez em quanto.
Manhã Submersa, retrata um mundo quase irreal, um
seminário, um conjunto de padres, prefeitos e auxiliares e duzentos jovens
seminaristas, a fuga possível de uma vida de pobreza e miséria endémicas. Um
relato na primeira pessoa, o que sente, sofre e deseja um jovem com 10/11 anos
quando entra num mundo onde se ensina a ver o mundo através da via espiritual e
religiosa, cerceando e toldando todas as naturais dúvidas, ansiedades e
descobertas da juventude.
Gostei da forma de escrever de Vergílio
Ferreira, do retrato psicológico que traçou dos personagens e dos ambientes que
descreveu para nós, os leitores. Um sentir honesto e terno que nos causa empatia
por aquele mundo, apesar de nunca ter sido um mundo justo e amigável.
Vou com certeza regressar a Vergílio
Ferreira, por agora recomendo vivamente a leitura de Manhã Submersa…
Ora viva, meus amigos! Quem diria que...
Ora viva, meus amigos!
Quem diria que precisamente hoje receberia 3 novos tesouros, é que recuperei totalmente!
sábado, 17 de fevereiro de 2018
Livro: O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde, Relógio D'Água, 2016.
Ontem
à noite terminei um romance cuja leitura me fascinou mas da qual não gostei.
Um
pouco confuso, eu sei, mas a literatura é assim, podemos gostar da forma, mas
não do conteúdo.
Especialmente
se retrata uma época como a vitoriana, um tempo cheio de contradições, de
limites, de transgressões, um tempo em que as mulheres eram renegadas para
segundo plano, eram meros ornamentos, mas, só nas classes consideradas
superiores, porque as mulheres do povo eram só isso, povo.
Oscar
Wilde afirmava que «Basil Hallward é aquilo que eu penso de mim, Lord Henry,
o que o mundo pensa de mim e Dorian é o que eu gostaria de ser noutra época,
talvez».
O Retrato de Dorian Gray foi publicado em finais do séc. XIX (1891) é um romance que
arrisca tudo ao enaltecer o estoicismo, o dandismo e a abordar pela primeira
vez na literatura inglesa, a homossexualidade.
Considero
admirável a forma como Wilde enaltece o hedonismo, ao defender que o único
propósito da vida é o prazer e a beleza, mas, só para alguns, os entes
superiores, os elegantes.
Felizmente
as sociedades evoluíram, procurando envolver todos os cidadãos na construção de
uma vida confortável, em que todos tenham direito a desfrutar e a sentir prazer
perante a beleza.
Termino,
reafirmando o que escrevi ao inicio: senti-me fascinada com a leitura de O
Retrato de Dorian Gray, mas não gostei do que li…
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
Livro: Estufa com Ciclâmenes, Rebecca West, Relógio D'Água, 2016.
Terminei
a leitura de um livro com milhões de fantasmas à minha beira, fantasmas dos que
morreram, dos que foram mortos, dos que sobreviveram, dos deslocados, dos
refugiados, dos que restaram na Europa do pós-Segunda Guerra Mundial.
Este
livro é uma compilação de três ensaios resultantes de um pedido que uma
publicação britânica fez à autora, para cobrir os julgamentos de Nuremberga, em
1946.
Com
esta leitura fiquei a saber um mais sobre os nazis, os alemães, os berlinenses,
os soviéticos, os americanos, os britânicos, os franceses e sobre Berlim e
Nuremberga.
O
primeiro ensaio, o mais longo, incide sobretudo sobre Nuremberga e os seus
habitantes, os julgamentos, os réus, os acusadores, o tédio e o aborrecimento
que pairava sobre aquelas sessões aparentemente intermináveis.
No
segundo ensaio, a autora retrata o que viu e sentiu quando viajou pela Alemanha
Ocidental, até chegar a Berlim, uma cidade dividida em quatro e governada pelo
Conselho de Controlo Aliado para a Alemanha, composto por americanos,
britânicos, franceses e soviéticos.
Achei
especialmente interessante a análise que a autora faz dos próprios alemães
ocidentais, a forma tenaz, ordeira, empreendedora, que tiveram em reerguer a sua
industria logo que foram libertados, e o que isso assustou os ocidentais.
A
questão da culpa moral, que na ótica de Rebecca, os alemães contribuíram para
retirar dos ombros dos aliados ocidentais:
“É
difícil imaginar como é que outra economia que não aquela, especulativa e
livre, poderia ter sido suficientemente flexível para assimilar tantos
refugiados e aliviar os Aliados de grande parte da sua culpa.”
e
conclui:
“Os
alemães prestaram-nos um serviço ao livrarem-nos da culpa do nosso pecado
contra os refugiados”.
O
terceiro ensaio nasce na sequência da assistência a um congresso de
economistas, no Lago de Lucerna, em 1953, é uma súmula dos dois que o
antecedem, uma reflexão bastante serena, mas contundente, das decisões, da
geoestratégia vigente nas décadas subsequentes à II Guerra Mundial, e da
“vingança económica” do povo alemão.
Termino
recomendando vivamente a leitura deste livro muito interessante…
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018
Livro: Moderato Cantabile, Marguerite Duras, Relógio D'Água, 2014.
Foram
poucos, muito poucos, os livros que fizeram vibrar as cordas mais íntimas do
meu ser, Moderato Cantabile, de Marguerite Duras, consegui-o.
Um
romance com 81 páginas, lido e relido, sofregamente, nem acreditava no que me
estava a acontecer, a sentir, a voar, a viver.
Uma
estória de amor, pleno de sensualidade e de álcool, uma escrita desconstruída,
no tempo, na ação, nas personagens.
De
Duras, li há muitos anos O Amante da China do Norte e mais recentemente Olhos
Azuis Cabelo Preto. Do primeiro pouco recordo, agora, mais do que nunca,
sinto necessidade de retornar a ele, do segundo, senti que foi uma leitura algo
difícil, um texto muito desestruturado, hermético.
Para
alguns, Moderato Cantabile é o seu melhor romance, não sei, talvez. Eu
gostei muito.
“O fogo alimenta-lhe o ventre de feiticeira, ao contrário das outras. Os seios tão pequenos de cada lado desta flor tão pesada ressentem-se do facto de estar mais magra e doem-lhe. O vinho escorre na boca, cheia de um nome que ela não pronuncia. Este facto silencioso quebra-lhe os rins.”
Recomendo
com urgência que leiam...
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