domingo, 11 de setembro de 2016

Livro: Lillias Fraser, Hélia Correia, Relógio D’Água, 2002.

Terminei a leitura do meu primeiro romance de Hélia Correia, a escolha deste título não foi um acaso, mas sim a recomendação de uma querida amiga, ela disse-me que eu havia de gostar, e tinha razão, gostei muito, mas, também compreendi, acho eu, porque me foi recomendada a sua leitura.

A obra conta a história de uma menina, Lillias Fraser, vítima da guerra, maltratada, escondida, abusada e dona de um dom: ver a morte. 

A narrativa inicia-se na Escócia, meados do séc. XVIII, tempos de guerra fratricida entre ingleses e escoceses, e transfere-se para Portugal, Lillias, chega a Lisboa pouco antes do terramoto de 1755 e a acção decorre, antes, durante e depois desse trágico e grande acidente natural que arrasou Lisboa e arredores, seguido de um devastador incêndio.

Este romance é curioso porque existe um narrador que interpela as personagens, que se imiscuina trama, um narrador que para além de querer contar uma história, também quer fazer parte dela.

Também apreciei muito, o início do capítulo VII, onde a “notícia” é o sujeito do texto, fazendo-me lembrar o 2º capítulo de outra obra: Rumo ao Farol de Virginia Woolf, neste romance o “tempo” é o sujeito, durante um capítulo inteiro.

Não li ainda, o Memorial do Convento de José Saramago, mas conheço algumas das suas personagens, de tanto ouvir falar nelas reconheci neste romance, a Blimunda Sete-Luas, uma personagem que aparece já no final e que identificando-se com a Lillias, porque também ela possui um dom: vê por dentro das pessoas, a acolhe, a trata e foge com ela, levando-a para fora de Lisboa para a proteger.

É um romance diferente mas gostei muito da escrita de Hélia Correia.

Com este livro encerro o Plano de Leituras no Feminino, um projeto iniciado há um ano e que consistia em ler um conjunto de obras de escritoras, umas já repetentes, mas, na maioria das vezes, pela primeira vez. Todas as leituras foram muito interessantes e enriquecedoras. Gostei evidentemente mais de umas do que de outras.

Amanhã, irei iniciar novas aventuras literárias e relativamente a Hélia Correia, voltarei certamente ao seu convívio, por agora só me resta recomendar a leitura de Lillias Fraser


2 comentários:

  1. Leio com frequência os textos de Hélia Correia mas este tem-me vindo teimosamente a escapar. Espero encontrá-lo com facilidade nas livrarias. O nome de Lillias Fraser surgiu-me pela primeira vez no interior d' «As luzes de Leonor», de Maria Teresa Horta, o que, desde já, é um bom augúrio...

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    1. Foi a Maria Teresa que me recomendou a leitura deste romance, que já leu Meninas, compreende o porquê.

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