Terminei
a leitura do meu primeiro romance de Hélia Correia, a escolha deste título não
foi um acaso, mas sim a recomendação de uma querida amiga, ela disse-me que eu
havia de gostar, e tinha razão, gostei muito, mas, também compreendi, acho eu, porque
me foi recomendada a sua leitura.
A
obra conta a história de uma menina, Lillias Fraser, vítima da guerra, maltratada,
escondida, abusada e dona de um dom: ver a morte.
A
narrativa inicia-se na Escócia, meados do séc. XVIII, tempos de guerra fratricida entre ingleses e escoceses, e transfere-se para Portugal, Lillias,
chega a Lisboa pouco antes do terramoto de 1755 e a acção decorre, antes,
durante e depois desse trágico e grande acidente natural que arrasou Lisboa e arredores,
seguido de um devastador incêndio.
Este
romance é curioso porque existe um narrador que interpela as personagens, que
se imiscuina trama, um narrador que para além de querer contar uma história,
também quer fazer parte dela.
Também
apreciei muito, o início do capítulo VII, onde a “notícia” é o sujeito do
texto, fazendo-me lembrar o 2º capítulo de outra obra: Rumo ao Farol de Virginia Woolf, neste romance o “tempo” é o
sujeito, durante um capítulo inteiro.
Não
li ainda, o Memorial do Convento de José Saramago, mas conheço algumas das
suas personagens, de tanto ouvir falar nelas reconheci neste romance, a Blimunda
Sete-Luas, uma personagem que aparece já no final e que identificando-se com a
Lillias, porque também ela possui um dom: vê por dentro das pessoas, a acolhe, a
trata e foge com ela, levando-a para fora de Lisboa para a proteger.
É
um romance diferente mas gostei muito da escrita de Hélia Correia.
Com
este livro encerro o Plano de Leituras no
Feminino, um projeto iniciado há um ano e que consistia em ler um conjunto
de obras de escritoras, umas já repetentes, mas, na maioria das vezes, pela primeira
vez. Todas as leituras foram muito interessantes e enriquecedoras. Gostei
evidentemente mais de umas do que de outras.
Amanhã,
irei iniciar novas aventuras literárias e relativamente a Hélia Correia,
voltarei certamente ao seu convívio, por agora só me resta recomendar a leitura de Lillias Fraser…
Leio com frequência os textos de Hélia Correia mas este tem-me vindo teimosamente a escapar. Espero encontrá-lo com facilidade nas livrarias. O nome de Lillias Fraser surgiu-me pela primeira vez no interior d' «As luzes de Leonor», de Maria Teresa Horta, o que, desde já, é um bom augúrio...
ResponderEliminarFoi a Maria Teresa que me recomendou a leitura deste romance, que já leu Meninas, compreende o porquê.
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