quarta-feira, 28 de setembro de 2016
quarta-feira, 14 de setembro de 2016
domingo, 11 de setembro de 2016
Livro: Lillias Fraser, Hélia Correia, Relógio D’Água, 2002.
Terminei
a leitura do meu primeiro romance de Hélia Correia, a escolha deste título não
foi um acaso, mas sim a recomendação de uma querida amiga, ela disse-me que eu
havia de gostar, e tinha razão, gostei muito, mas, também compreendi, acho eu, porque
me foi recomendada a sua leitura.
A
obra conta a história de uma menina, Lillias Fraser, vítima da guerra, maltratada,
escondida, abusada e dona de um dom: ver a morte.
A
narrativa inicia-se na Escócia, meados do séc. XVIII, tempos de guerra fratricida entre ingleses e escoceses, e transfere-se para Portugal, Lillias,
chega a Lisboa pouco antes do terramoto de 1755 e a acção decorre, antes,
durante e depois desse trágico e grande acidente natural que arrasou Lisboa e arredores,
seguido de um devastador incêndio.
Este
romance é curioso porque existe um narrador que interpela as personagens, que
se imiscuina trama, um narrador que para além de querer contar uma história,
também quer fazer parte dela.
Também
apreciei muito, o início do capítulo VII, onde a “notícia” é o sujeito do
texto, fazendo-me lembrar o 2º capítulo de outra obra: Rumo ao Farol de Virginia Woolf, neste romance o “tempo” é o
sujeito, durante um capítulo inteiro.
Não
li ainda, o Memorial do Convento de José Saramago, mas conheço algumas das
suas personagens, de tanto ouvir falar nelas reconheci neste romance, a Blimunda
Sete-Luas, uma personagem que aparece já no final e que identificando-se com a
Lillias, porque também ela possui um dom: vê por dentro das pessoas, a acolhe, a
trata e foge com ela, levando-a para fora de Lisboa para a proteger.
É
um romance diferente mas gostei muito da escrita de Hélia Correia.
Com
este livro encerro o Plano de Leituras no
Feminino, um projeto iniciado há um ano e que consistia em ler um conjunto
de obras de escritoras, umas já repetentes, mas, na maioria das vezes, pela primeira
vez. Todas as leituras foram muito interessantes e enriquecedoras. Gostei
evidentemente mais de umas do que de outras.
Amanhã,
irei iniciar novas aventuras literárias e relativamente a Hélia Correia,
voltarei certamente ao seu convívio, por agora só me resta recomendar a leitura de Lillias Fraser…
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
Viriato Soromenho Marques, in Prova de Vida, Ecologia, JL nº 1198 de 2016-08-31.
“Os
incêndios florestais são hoje uma metáfora da capacidade que Portugal terá, ou
não, de continuar como país que almeja manter um razoável grau de soberania,
sem ignorar a interdependência na comunidade internacional e na EU em particular.
Vencer
a catástrofe sazonal dos incêndios florestais deve ser visto, a esta luz, como
uma prova de vida da vitalidade nacional.
Aqui
não há desculpas. Não há troikas, nem politicas impostas pelos credores. Aqui está
tudo na nossa mão. Não há destino fatal e invencível! Ou apagamos os incêndios,
na escala vergonhosa que vão assumindo quase todos os anos, ou então, devemos
passar a nós mesmos um atestado de indigência e irresponsabilidade. Na pior das
hipóteses, Portugal não seria apenas um “país de suicidas”, para recordar o que
sobre nós pensava o grande Miguel de Unamuno. Seremos também um país de
incendiários contumazes.”
terça-feira, 6 de setembro de 2016
sábado, 3 de setembro de 2016
Livro: Ernestina, J. Rentes de Carvalho, Quetzal Editores, 2014.
Descobrimos
Rentes de Carvalho há pouco mais de um ano, desde essa data deixámo-nos prender
pela sua escrita, pela sua história, pela sua forma de pensar. Já adquirimos
meia dúzia de títulos, que tivemos que registar em agenda, para não repetir a
sua compra.
No
meu caso, este é o segundo livro que leio, o primeiro, de seu nome Com os Holandeses, foi realmente uma
surpresa, descobrir um autor já com tantos anos de vivências, sobretudo fora de
Portugal, de onde nunca perdeu a ligação. Um escritor celebrado na Holanda,
país que o acolheu, após deambular pelo Brasil e pela América.
Do
que pude apurar Ernestina é um romance autobiográfico ficcionado, talvez por
isso um romance cheio de personalidade, cheio de garra:
“É um retrato do Norte do país, entre os anos
1930 a 1950, que transcende o cunho regionalista e que atravessa fronteiras…”.
Quando
iniciei a sua leitura senti similitudes com Aquilino Ribeiro, porque ambos
descrevem a natureza dos montes e dos vales de forma telúrica:
“Por razões que devem
ter a ver com uma vida dura e incessantemente repetida de geração em geração,
de século em século; talvez também com a paciência que precisa quem vive
rodeado de montes, onde o longe parece traiçoeiramente perto, e a cada encosta
que se desce segue-se outra que se tem que subir, a gente de Estevais é tenaz.”
Rentes
de Carvalho nasceu em Vila Nova de Gaia, muito perto do rio Douro, defronte
para o Porto, mas de origens transmontanas, pelo menos, todos os Verões, ele a
família passavam o Agosto na terra, Estevais. Faziam o percurso de comboio,
depois da longa viagem de comboio, da estação de S. Bento até à estação de
Mogadouro, com direito a mudarem de linha, demoravam cerca de duas horas a pé
ou de burra/mula até chegarem ao seu destino, que grande aventura que era…
Só
me resta convidar-vos a descobrirem J. Rentes de Carvalho e a sua prosa.
Descobrimos
Rentes de Carvalho há pouco mais de um ano, desde essa data deixámo-nos prender
pela sua escrita, pela sua história e pela sua forma de pensar. Já adquirimos
meia dúzia de títulos, que tivemos que registar em agenda, para não repetir a
compra.
No
meu caso, este é o segundo livro que leio, o primeiro, de seu nome Com os
Holandeses, foi realmente uma surpresa descobrir um autor já com tantos
anos de vivências, sobretudo fora de Portugal, de onde, aliás, nunca perdeu a
ligação. Um escritor celebrado na Holanda, país que o acolheu, após deambular
pelo Brasil e pela América.
Do
que pude apurar Ernestina é um romance autobiográfico ficcionado, talvez por
isso um romance cheio de personalidade, cheio de garra:
“É
um retrato do Norte do país, entre os anos 1930 a 1950, que transcende o cunho
regionalista e que atravessa fronteiras…”.
Quando
iniciei a sua leitura senti similitudes com Aquilino Ribeiro, porque ambos
descrevem a natureza, as gentes, de uma forma telúrica:
“Por
razões que devem ter a ver com uma vida dura e incessantemente repetida de
geração em geração, de século em século; talvez também com a paciência que
precisa quem vive rodeado de montes, onde o longe parece traiçoeiramente perto,
e a cada encosta que se desce segue-se outra que se tem que subir, a gente de
Estevais é tenaz.”
Rentes
de Carvalho nasceu em Vila Nova de Gaia, muito perto do rio Douro, de frente
para o Porto, de origens transmontanas, durante os Verões, ele a família
passavam o Agosto na terra, Estevais. Faziam o percurso de comboio, da estação
de S. Bento até à estação de Mogadouro, com direito a mudarem de linha, depois
de uma longa viagem de comboio, demoravam ainda cerca de duas horas a pé ou de
burra/mula até chegarem ao seu destino, que grande aventura que era…
Só
me resta convidar-vos a descobrirem J. Rentes de Carvalho e a sua prosa.
quinta-feira, 1 de setembro de 2016
Maria Teresa Horta in Anunciações, D. Quixote, 2016.
Saudação
a Maria
-
Saúdo-te Maria, cheia de graça!
*
Volta
a dizer o anjo
sem
respiração
olhando-a
tolhido de estranheza
*
tão
deslumbrado ao revê-la
que
novamente esquece
os
termos da Anunciação
*
como
o Senhor ordenara
mas
Gabriel, aturdido
ao
ver Maria
*
os
não lembra
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