quinta-feira, 7 de maio de 2020

Livro: Levantado do Chão, José Saramago, 1989, Círculo de Leitores.


Muito antes de José Saramago (1922-2010) ganhar o Prémio Nobel de Literatura (1998), cá em casa já havia um fervoroso admirador da sua forma de contar estórias.

Naquele tempo comprávamos livros através da revista do Circulo de Leitores, e foi através do clube que o nome do escritor se tornou familiar no seio da nossa família, à hora do jantar, o Luis sentia verdadeiro prazer em contar as peripécias porque iam passando a Blimunda Sete-Luas e o Baltasar Sete-Sóis, numa estória sobre um rei que fizera uma promessa de levantar um Convento em Mafra se a rainha engravidasse.

Mais tarde, quando os filhos leram o Memorial do Convento, a conversa passou a ser ainda mais animada.

Demorei muitos anos a ler a grande obra, mas, gostei mais de Levantado do Chão, o romance que acabei de ler no dia 5 de maio, o Dia Mundial da Língua Portuguesa.

Um romance brutal, atrevo-me a escrever.

O retrato de uma forma de viver(?) cruel e desumana dos trabalhadores alentejanos, subjugados, oprimidos e explorados pelos grandes proprietários, a igreja, a guarda e a polícia.

O romance abarca um período compreendido entre o final do século XIX até ao 25 de abril de 1974.


A forma de escrever de Saramago, muito pouca pontuação e sem o sinal travessão, obriga-nos a uma atenção redobrada, os pensamentos do narrador irrompem pelos “diálogos” entre os personagens, gostei muitíssimo.

“E não sejam as flores vosso cuidado, senhora mãe, que à fonte do Amieiro irei colher das silvestres que neste mês de Maio cobrem os vales e as colinas, e estando as laranjeiras floridas ramos delas trarei e assim nosso postigo será janela enfeitada como varanda de alcácer, menos que os outros não seremos, porque somos tanto.”

Concluo, recomendo vivamente a leitura de Levantado do Chão



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