Fui sempre de
comprar mais livros do que aqueles que consigo ler em tempo útil, por assim
dizer.
O acto de buscar,
de encontrar, de folhear, de cheirar, de trazer para casa, de
estar ali ao alcance da vista e da mão, é um prazer inigualável, é retemperador, é um
prémio, cada livro é uma promessa de bem viver.
Ontem à noite
acabei de ler Jerusalém, do Gonçalo M. Tavares (1970), um autor que
conheço e acompanho há muito, mas de quem só lia a coluna Diário no JL,
uma pequenina coluna.
Há 16 anos que Jerusalém
aguardava pacientemente que lhe desse atenção.
Li algures que
Gonçalo M. Tavares é o continuador de António Lobo Antunes (ALA), curiosamente,
integrado neste plano de leituras de autores portugueses masculinos, fiz também
a minha primeira leitura de ALA, A Memória de Elefante, o seu primeiro
romance publicado, também passado entre um hospital psiquiátrico e o quotidiano,
visto pelo médico, o narrador, inquietante.
Relativamente a
Jerusalém, é um livro poderoso, profundo, com os personagens a funcionarem
entre o real e a loucura, não é um livro fácil, com um tema incómodo, é uma
leitura exigente e igualmente inquietante.
“Ernest
Spengler estava sozinho no sótão, já com a janela aberta, preparado para se
atirar quando, subitamente, o telefone tocou. Uma vez, duas, três, quatro,
cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze, doze, treze, catorze, Ernest atendeu.”
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