“Era
uma vez o menino pequenito, tão minimozito que todos os seus dedos eram
mindinhos. Dito assim, fino modo, ele, quando nasceu, nem foi dado a luz mas a
uma simples fresta de claridade.”
É
desta forma absolutamente espantosa que se inicia “na berma de nenhuma
estrada”, título de um dos contos. Mia Couto foi escrevendo estes pequenos
contos para diversas publicações, um dia resolveu reuni-los num só livro.
Gosto
de regressar a Mia Couto, aprecio a forma cândida, límpida e simples de
retratar as gentes e vivências da sua terra, sempre que início a leitura de um
livro do autor, não me apetece nunca parar:
“A
intensidade das personagens, a multiplicidade de registos, a coexistência do
fantástico e do sobrenatural com a tradição, a cultura e a vivência do dia a
dia, a capacidade de efabulação e a oralidade que transforma a palavra escrita
em puro som, são portos a que acostamos e que nunca desvendamos por completo.”
Direi
certamente uma barbaridade, mas, é por causa da escrita de Mia Couto, que não
obstaculizo o AO90, e não consigo compreender, ou não quero compreender, o
burburinho à volta do acordo ortográfico de 1990, não me incomoda, não me
limita, desafia-me isso sim.
Enfim,
polémicas áridas à parte, recomendo vivamente a descoberta da escrita de Mia
Couto…
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