A leitura desta obra foi antecedida
pela d’O Tratado sobre a Tolerância – Por
ocasião da morte de Jean Calas, contudo, este pequeno ensaio, que os doutos
entendidos consideram filosófico, foi escrito em 1759, enquanto aquele foi
escrito posteriormente, em 1763. Isto para dizer que se calhar deveria ter
começado por ler o Cândido ou o Otimismo e
só depois o Tratado sobre a Tolerância.
Se tal tivesse acontecido provavelmente
hoje sentir-me-ia mais confusa acerca do pensamento de Voltaire, bem sei que
nesta obra que ora terminei, Voltaire constrói uma sátira à tese de Leibeniz,
um filósofo alemão, que defendia entre outras ideias, que tudo o que nos
acontece, de bom ou de mau, tem uma razão de ser e que no fim, tudo vai acabar
bem, o melhor possível.
“- Está
demonstrado – dizia ele [o preceptor de Cândido] – que as coisas não podem ser
de outra maneira; pois, como tudo é feito para um fim, tudo está
necessariamente destinado ao melhor fim. (…) Assim sendo, aqueles que afirmavam
que tudo está bem disseram uma tolice; deviam era dizer que tudo está o melhor
possível.”
Partindo desta ideia, Voltaire
conta-nos uma história aventurosa, uma saga mirabolante, protagonizada por um
jovem alemão, muito ingénuo, muito cândido, que inicia uma viagem pela metade
do mundo, em busca daquela que considerava a mulher da sua vida.
Muito fantasiosa e espampanante, são
inúmeras as peripécias e as personagens singulares que o jovem Cândido, vai
encontrando ao longo da sua jornada, até à conclusão final:
“No melhor dos
mundos possíveis, todos os acontecimentos andam encadeados; porque afinal, se o
senhor não tivesse sido expulso de um belo castelo com grandes pontapés no
traseiro por amor da menina Cunégonde, se não tivesse sido encarcerado pela
Inquisição, se não tivesse corrido a América a pé, se não tivesse dado uma boa
estocada no barão, se não tivesse perdido todos os carneiros do bom país do
Eldorado, não estaria agora aqui a comer pistácios e cidra cristalizada.”
A magistral resposta de Cândido, a
esta observação do seu preceptor, foi:
“- Tudo isso é
muito bonito – respondia Cândido -, mas temos de cultivar o nosso jardim.”
Estas leituras que fiz de Voltaire
foram muito interessantes e reflexivas, espero voltar a ele, para já só posso
recomendar a sua leitura…
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