Consegui terminar a leitura deste
romance a tempo de o levar à minha filha que estuda em Lisboa, viajo amanhã de
manhã e levo na bagagem um belo livro, ela tinha manifestado a vontade de o ler
após ter assistido ao filme, cujo argumento foi construído sobre esta obra de
Jane Austen, eu não vi o filme, por esse motivo não posso opinar sobre o seu conteúdo,
nem tentar compará-lo.
Sobre o romance, sim, posso emitir a
minha singela opinião. Começo pelo prefácio de autoria de Virgina Woolf, uma
pequena pérola literária. Só li ainda um romance de V. Woolf (Rumo ao Farol),
mas, fiquei fã. Gosto da maneira de escrever destas mulheres…
Quanto ao romance propriamente dito,
foi o meu primeiro título da escritora. Gostei da sua forma inteligente de
escrever, de desenvolver as personagens, da sua densidade psicológica.
Surpreendeu-me a ironia, a sátira, que emprestou a toda a narrativa.
Um romance que se inicia com a frase
“É uma verdade universalmente reconhecida
que um homem rico e solteiro precisa de uma esposa”, deixa antever o que aí
vem, e não desilude.
Em tempos que já lá vão, tempos
vitorianos, a vida da mulher resumia-se a ser educada para casar bem, mas tal
só poderia acontecer se esta mantivesse a sua virtude (vulgo virgindade),
melhor partido seria se fosse acompanhada por um generoso dote.
“Por
muito desventurado que o acontecimento seja para Lydia, podemos extrair dele
uma boa lição: que a perda da virtude, numa mulher, é irreparável, que um único
passo em falso basta para ocasionar desgraças sem fim; que a reputação é tão
frágil como a beleza; e que, numa mulher, todos os cuidados são poucos no seu
trato com os homens, sobretudo os indignos de confiança.”
Numa sociedade onde existia uma
fortíssima estratificação social, esta forma de considerar a mulher como uma
mercadoria que tem que se mantida em “bom estado”, se ela e a sua família
quiserem ver o seu futuro acautelado, provoca náuseas, nos tempos de hoje.
Orgulho e Preconceito é um romance
fabuloso e recomendo vivamente a sua leitura.
Quanto a mim, voltarei à descoberta
de Jane Austen, tão breve quanto me for possível…
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