O
mote deste último número da Granta,
tem como origem uma expressão de Samuel Beckett:
“Tudo desde sempre. Nunca outra coisa. Nunca ter tentado. Nunca ter falhado. Não importa. Falhar outra vez. Falhar melhor.”
“Tudo desde sempre. Nunca outra coisa. Nunca ter tentado. Nunca ter falhado. Não importa. Falhar outra vez. Falhar melhor.”
“Lida assim, desprende-se da frase de Beckett
um evidente cansaço «Tudo desde sempre». São palavras para pessimistas, de que
os otimistas legitimamente se apropriam: «outra vez», «melhor».
Ressurreição”, escreve no Editorial, Carlos Vaz Marques, o Diretor da revista.
Ressurreição”, escreve no Editorial, Carlos Vaz Marques, o Diretor da revista.
Eu
escolho o olhar otimista, prefiro tentar, a não fazer, prefiro errar, a nunca
outra coisa, prefiro falhar, falhando melhor.
A
Granta 5, traz-nos um conjunto de
textos fortes, intensos, tal como o de abertura, Morrer é mais difícil do que parece, de autoria de Paulo Varela
Gomes, que inicia o seu texto com esta afirmação: Tenho um cancro de grau IV.
O
conto Sempre a mesma neve e sempre o
mesmo conto, de Herta Muller, é envolvente, é forte, adorei. O conto Carta para navegação de vazios, de Joana
Bartholo é complexo e visionário, traz-nos os pensamentos de um doente mental. Muito
interessante, o conto O Bife Choramingas,
de Howard Jacobson, mas muito atual. Também o conto histórico As muitas mortes do General Wolfe, é
complexo, mas, muito bom. Com conto O
nome das árvores, da autoria do Jacinto Lucas Pires, termina uma série de
treze textos, de treze diferentes autores, todos interessantes, fortes e alguns
deles bem complexos .
Para
terminar deixo-vos um parágrafo do último conto, tão bom, como o primeiro:
”Diz Natália Ginzburg em Il mio mestiere «Quando estamos felizes a nossa imaginação tem mais força; já quando estamos infelizes é a nossa memória que age mais vivamente.» Gosto desta ideia - ou talvez devesse dizer que acredito nela – da memória e da imaginação como um mesmo gesto, um mesmo fio condutor, digamos regulado pela menor ou maior felicidade de quem lembra ou imagina.”
”Diz Natália Ginzburg em Il mio mestiere «Quando estamos felizes a nossa imaginação tem mais força; já quando estamos infelizes é a nossa memória que age mais vivamente.» Gosto desta ideia - ou talvez devesse dizer que acredito nela – da memória e da imaginação como um mesmo gesto, um mesmo fio condutor, digamos regulado pela menor ou maior felicidade de quem lembra ou imagina.”
Sempre
de muito boa leitura, a Granta,
recomendo pois a sua leitura.