São vários os livros
de autoria de Eça de Queirós que aguardam a minha atenção, este título, A
Cidade e as Serras, foi leitura obrigatória no Secundário dos meus filhos e julgo que ainda continua a ser para os jovens de hoje.
Concluí a sua
leitura durante a pausa para o almoço, enquanto aguardava que o Luis se
juntasse a mim para o efeito.
Publicado postumamente em 1901, a leitura de A Cidade e as Serras foi realmente muito interessante, na medida em que o autor ao mesmo tempo que retrata
as vivências de um jovem adulto de origem portuguesa, abastado por herança, numa
grande cidade como Paris, reflete sobre a insatisfação que uma vida ociosa e
sem outro objetivo que não seja o desfrutar do luxo, das inovações e engenhocas que
todos os dias surgem e das relações entre iguais, necessariamente provoca.
Um dia, o jovem
resolve viajar até à terra dos seus progenitores, situada nas serras lusas do
interior norte, bem perto do rio Douro, faz-se acompanhar pelo seu amigo,
também abastado, não tanto quanto ele, um amigo nascido e criado em terras
vizinhas, que viaja frequentemente. Assim, os dois empreendem uma longa e sobressaltada
viagem desde Paris, atravessando Espanha, até Portugal.
Em Portugal,
o autor retrata de forma magistral e pictórica a paisagem que o jovem vê desfilar perante os seus olhos, depois, toma contacto com a vida rural, simples, dura e despida de conforto, muito
diferente daquela a que fora habituado na cidade grande, contudo soube apreciar
e adaptar-se, depois de provido de alguns, comparativamente poucos, confortos e
engenhos.
Mais importante
ainda, a dada altura ao deparar-se com a realidade miserável em que viviam
os caseiros e suas famílias, funcionários que trabalhavam na sua propriedade, decide
melhorar as suas condições de vida, aumentando os salários, construindo casas, uma
escola e providenciando cuidados médicos gratuitos.
Vive feliz
junto da família que constituiu e dos amigos vizinhos, a cidade grande,
brilhante e luxuosa ficou para trás.
Eça de Queirós
traçou nesta obra um retrato algo naïf, pois nem tanto ao mar nem tanto à terra,
em minha opinião é no meio que está a virtude.
Concluo,
recomendando que quem ainda não leu A Cidade e as Serras, que se
apresse, vale mesmo a pena…