Onésimo Teotónio Almeida é natural dos Açores mas
reside nos Estados Unidos desde 1972, doutorou-se em Filosofia pela
Universidade de Brown (Providence, Rhode Island) e é catedrático no
Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros, na mesma universidade.
Conheço Onésimo Teotónio Almeida de outras
leituras, nomeadamente das crónicas no JL e da leitura de Quando os Lobos Uivam (2013).
Aprecio a sua forma de escrever, em linguagem acessível
Onésimo expõe as suas ideias e pontos de vista de uma forma clara e
perfeitamente entendível a todos aqueles que buscam o conhecimento, independentemente
das suas origens culturais e educacionais, o que não deixa de surpreender
considerando estarmos em presença de um académico de uma das melhores
universidades do mundo, numa área, a filosofia, sempre dada a discursos de difícil
entendimento. Certamente que Onésimo em contexto académico utiliza uma
linguagem mais técnica, mas o mesmo conceito de «ideias claras e distintas» (p. 11), acompanha-o.
Sinto-me gratificada com leitura deste livro,
afinal estou mais habituada a escritas herméticas por parte daqueles que
julgando-se acima dos comuns dos mortais apenas por terem tido a oportunidade
de adquirir estudos superiores, expressam-se de uma forma ininteligível, baça e
a mais da vezes oca.
O título deste livro advém, segundo Onésimo, da
expressão «pentear parágrafos» descrita
num livro de José Cardoso Pires, de quem o autor é apreciador.
Despentear, descomplicar, expondo de uma forma
clara e fundamentada as suas ideias e polemizando pontualmente com Camilo Castelo
Branco, Miguel Torga, Jacinto do Prado Coelho e Natália Correia, ou com quem
escreveu sobre Virgílio Ferreira, Eduardo Lourenço e José Saramago, é o objetivo
de Onésimo Teotónio Almeida com este seu Despenteando
Parágrafos.
Com esta leitura aprendi muito, despertou-me
para outros saberes, autores e polémicas.
Para terminar e como curiosidade, finalmente
compreendi o que é a Ivy League: um conjunto de oito universidades norte-americanas
muito prestigiadas, criada «como defesa
contra a admissão de alunos-desportistas sem mérito académico» (p. 360). A
Universidade de Brown é a sétima mais antiga universidade norte-americana e
integra a Ivy League.
Recomendo vivamente a leitura de Despenteando Parágrafos…
Escreveu Eça de Queirós, em Os Maias "O português nunca pode ser um homem de ideias, por causa da paixão da forma. A sua mania é fazer belas frases, ver-lhes o brilho, sentir-lhes a música. Se for necessário falsear a ideia, deixá-la para a frase ganhar em beleza, o desgraçado não hesita...". Com esta leitura firmou-se a vontade de ler Eduardo Lourenço e Virgilio Ferreira na sua vertente ensaísta. E descobri que tenho que ler o ensaio "Ao Contrário de Penelope", de Jacinto do Prado Coelho, que possuo desde os tempos do secundário e ao qual recorri em tempos idos.
ResponderEliminarDe Onésimo tenho para ler " A Obsessão da Portugalidade", promete.