Esta madrugada terminei
a leitura deste notável romance de Eça de Queirós, sendo um livro de leitura de
estudo obrigatório é por isso, mal-amado por muitos estudantes do ensino
secundário, é um romance com muitas páginas, complexo, mas também muito
completo do ponte vista da sintaxe, possui uma escrita límpida e clara e mais
do que uma estória de amor, traça um retrato fiel e irónico, da sociedade
portuguesa, especialmente da lisboeta, na segunda metade do XIX.
As classes sociais e
políticas, as convenções sociais são aqui esmiuçadas e retratadas de uma forma
impiedosa e sarcástica.
Através dos personagens
que criou e que passam diante dos nossos olhos, fiquei fã do João da Ega,
conseguimos compreender porque este é o Romance que todos os estudantes devem
ler e desfrutar.
“Depois Carlos,
outra vez sério, deu a sua teoria da vida, a teoria definitiva que ele deduzira da experiência e que agora o
governava. Era o fatalismo muçulmano. Nada desejar e nada a recear… Não se
abandonar a uma esperança – nem a um desapontamento. Tudo aceitar, o que vem e
o que foge, com a tranquilidade com que se acolhem as naturais mudanças de dias
agrestes e de dias suaves. E, nesta placidez, deixar esse pedaço de matéria
organizada que se chama o Eu ir-se deteriorando e decompondo até reentrar e se
perder no infinito Universo… Sobretudo não ter apetites. E, mais que tudo, não
ter contrariedades.
Ega, em suma,
concordava. Do que ele principalmente se convencera, nesses estreitos anos de
vida, era da inutilidade de todo o esforço. Não valia dar um passo para
alcançar coisa alguma na Terra – porque tudo se resolve, como já ensinar ao
sábio do «Eclesiastes», em desilusão e poeira.”
É um romance intenso,
de leitura fácil, uma estória de uma atualidade desconcertante, não temam,
mergulhem na leitura de Os Maias e não se vão arrepender, bem pelo
contrário...